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sexta-feira, 4 de julho de 2014

As deploráveis declarações das FFAAs e a obviedade dos documentos americanos.


Os documentos confidenciais do Departamento de Estado, repassados pelos Estados Unidos, à Comissão Nacional da Verdade (CNV) mostram que Tio Sam apoiou a ditadura militar no Brasil e todo o tempo tinha conhecimento da tortura que era praticada aqui contra os perseguidos e presos políticos na ditadura. Nos Estados Unidos não queimam documentos oficiais, nem desaparecem com eles, nem existem papéis secretos eternamente. Eles têm vários graus de classificação para arquivamento e tem sua liberação respeitada rigorosamente nos prazos estabelecidos.

Não há nenhuma novidade. Até porque nenhuma autoridade de nosso país e ninguém daqui minimamente informado tinha dúvidas quanto a isso. Mas, havia certa expectativa quanto a um pouco mais de informação que viria dos 43 relatos confidenciais prometidos pelo vice-presidente americano Joe Biden na visita três semanas atrás à presidenta Dilma Rousseff e que abrangem o período entre 1967 e 1977, auges dos anos mais sombrios da ditadura militar brasileira.

Mas, nada de excepcional. Podem conferir. Alguns documentos, inclusive, estão online, estão divulgado no site da CNV, e podem ser acessados aqui: http://www.cnv.gov.br/index.php/outros-destaques/498-documentos . De qualquer forma, são documentos que mostram que os americanos tinham conhecimento detalhado da prática da tortura, dos assassinatos, das mortes e dos desaparecimentos políticos que aconteciam em nosso país.

Documentos no site da CNV mostram como EUA ensinavam tortura

Bom, mas isso também não é novidade. Afinal, parte do “trabalho” aos torturadores daqui foi ensinado por eles, por agentes deles. Parte dos torturadores militares, por exemplo, foi ensinado por aquela Escolas das Américas que eles tinham, muita ativa, e que ainda mantém, no Panamá. E de lá dos EUA veio para cá e foram espalhadas para o mundo as doutrinas de segurança nacional e da Guerra Fria. Mas, no site da CNV, vale dar uma olhada no trecho abaixo:

“Pego sob mira de armas, é ordenado a seguir policiais: tem as roupas tiradas e sentado sozinho numa cela escura ou refrigerada por várias horas (…) É colocado sem roupa numa cela pequena e escura em piso de metal por onde passam correntes elétricas. O choque sentido pelo indivíduo, apesar de ser leve e constante, se torna quase impossível de suportar (…) O seu destino é desconhecido por parentes por dias e semanas” diz um dos relatórios, de abril de 1973, do Consulado Geral americano no Rio.

O mesmo relatório aponta a tática dos militares da “troca de tiros” para omitir sua responsabilidade nos assassinatos – e desaparecimentos políticos de adversários da ditadura – e para aplacar a pressão da opinião pública: “Vários fontes contestam que a técnica do ‘tiroteio’ está sendo usada cada vez mais pela polícia não só no Rio mas por todo o Brasil. Sua morte (no caso, o documento refere-se à do líder estudantil Lincoln Roque, em 1973) pode ser reportada na imprensa vários dias depois como tendo ocorrido durante um ‘tiroteio’ com a polícia enquanto estava tentando escapar”.

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