Você pode se perguntar: por que algumas pessoas evocam, saudosas, a ditadura militar? É como se aqueles tempos, para elas, fossem dourados – sem violência nas ruas, sem crime, sem corrupção.
A resposta é simples.
O mundo que chegava aos brasileiros pela mídia – e o papel dominante da Globo deve ser destacado – era de mentira. As coisas ruins não eram noticiadas. E então as pessoas menos politizadas tinham uma falsa impressão de paraíso na terra, quando era, na verdade, o inverso.
Nos papéis de Geisel, reunidos num livro sobre o qual falei algumas vezes aqui no DCM, você encontra Roberto Marinho se declarando “o mais fiel aliado dos generais” para pedir mais e novos favores.
Ser aliado era: produzir um noticiário que era uma lavagem cerebral. Pela Globo, tudo era uma beleza no Brasil. No resto da mídia, submetida a censura e com donos favoráveis à ditadura, não era muito diferente.
Editar é escolher o que você vai mostrar ao público ou não, e assim a mídia construiu um falso Brasil sob os generais.
Com a volta da democracia, o cenário mudou. E ninguém mais que a Globo. Quando Brizola governou o Rio, o foco era inteiramente nas más notícias, reais ou fabricadas. Este padrão permanece até hoje.
Se as companhias de mídia apoiam um governo, os problemas são deixados de lado. A compra de votos no Congresso para permitir um segundo mandato a FHC jamais foi coberta devidamente, por exemplo.
No extremo oposto, o “mensalão” foi o que se viu: uma orgia. Na ditadura, não havia o contraponto da internet, o que dava à mídia corporativa o monopólio da informação que chegava ao público. E essa informação era viciada.
De certa forma, os nostálgicos do regime militar são vítimas. Foram massacrados por mentiras que, em sua ingenuidade, em seu avassalador analfabetismo político, tomaram por verdades.
Você só entende a mente tumultuada delas se entender a manipulação a que a mídia, Globo à frente, as submeteu a cada dia, a cada hora, a cada minuto.
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