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quarta-feira, 16 de abril de 2014

Ex-presos denunciam que brasileiros ensinaram tortura à ditadura Pinochet


A ditadura militar brasileira foi capaz de tudo em matéria de desrespeito aos direitos humanos. Sempre se soube disso e é dificil aparecer novidade ou algo que já não se soubesse nessa questão. Não foi, nunca foi, uma “ditabranda” como quis fazer crer um grande jornal brasileiro.

Foi uma ditadura como as outras do continente nas décadas de 60 a 80 do século passado e como a outra ditadura brasileira, a do Estado Novo de Getúlio Vargas (1937-1945), como frisou em entrevista ao O Globo, reproduzida aqui há poucos dias, o jornalista e escritor Lira Neto, biógrafo de Vargas. Nada de novo, portanto, nas revelações de ex-exilados brasileiros em depoimento à Subcomissão da Verdade e Justiça do Senado ao confirmarem que a ditadura brasileira ensinou técnicas de tortura à ditadura chilena do general Augusto Pinochet (1973-1989).

Da ditadura Pinochet, de suas práticas e violências dentre as piores do mundo, todos se recordam e sabem tudo, também. E no entanto, a ditadura brasileira foi capaz de lhes ensinar tortura! Foi o que relataram à Subcomissão da Verdade e Justiça do Senado ex-exilados brasileiros que, na década de 1970, foram presos da ditadura chilena

Segundo ex-presos políticos, Brasil enviou agentes militares para torturar

À Subcomissão eles disseram ter sofrido abusos de agentes militares enviados pelo Brasil para ensinar técnicas de interrogatório e tortura ao governo Augusto Pinochet. Ligada à Comissão de Direitos Humanos do Senado, a subcomissão vai tentar, agora, identificar os militares que teriam participado das sessões de tortura no Estádio Nacional de Chile, usado como campo de concentração de presos políticos em 1973 por Pinochet após o golpe em que ele derrubou o presidente Salvador Allende.

O ex-preso político brasileiro Tomás Tarquinio afirmou no depoimento que o Brasil foi o único país que enviou integrantes da polícia política e equipamentos para ensinar aos militares chilenos técnicas de interrogatório e de tortura.“Somente o Brasil teve esse papel de enviar policiais brasileiros para ensinar como se interrogar e torturar os presos. Eles levavam equipamentos para torturar porque lá não tinha”, relembrou Tarquinio.

“Eu fui interrogado e esbofeteado por policiais brasileiros que queriam saber sobre uma associação de exilados no Chile que dava auxílio aos que fugiam do Brasil”, disse Tarquínio. Outro ex-preso político, Ubiramar Peixoto de Oliveira, contou que o consulado brasileiro no Chile era “um antro e covil de torturadores brasileiros. Nele torturadores ficavam de plantão”. Segundo Ubiramar, funcionários da representação diplomática repassavam informações sobre os exilados do Brasil aos militares chilenos e brasileiros.

Embaixador brasileiro Câmara Canto colaborou com Pinochet

O presidente da subcomissão, senador João Capiberibe (PSB-AP), informou que vai encaminhar os depoimentos à Comissão Nacional da Verdade (CNV), do governo federal, para que sejam incluídos no documento quer reunirá o resultado das investigações das violações dos direitos humanos ocorridas na ditadura militar. “Esses depoimento são importantes. Não dá para empurrar as coisas para debaixo do tapete”, justificou o senador.

Relatórios de organizações de direitos humanos chilenas e internacionais indicam que a ditadura Pinochet pode ter desrespeitado os direitos humanos e até matado cerca de 40 mil vítimas do regime. O embaixador do Brasil em Santiago na época do golpe que depôs Allende, Antônio Câmara Canto, sempre foi visto como íntimo colaborador da ditadura Pinochet nos anos em que serviu lá. Ele inclusive sempre se negou a receber e a dar qualquer tipo de ajuda aos brasileiros, milhares que se exilavam no Chile desde o golpe cívico-militar de 1964 no Brasil.

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