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segunda-feira, 24 de junho de 2013

Índios waimiri-atroari recebem visita da Comissão Nacional da Verdade no início de julho para falar sobre violações durante ditadura militar

Mulheres waimiri-atroari, em imagem publicada no site da Eletronorte.

A integrante da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Maria Rita Kehl, ouvirá pela primeira vez os indígenas waimiri-atroari a respeito de denúncias de violações de direitos humanos durante a vigência da ditadura militar nos anos 70 no país.

Coordenadora do grupo de trabalho Graves Violações de Direitos Humanos no Campo e Contra Indígenas da CNV, Maria Rita Kehl confirmou a este blog que estará em Manaus no início do próximo mês. A agenda de sua vinda a Manaus, contudo, ainda não foi divulgada oficialmente por sua assessoria. Ela disse apenas que deverá visitar os indígenas no dia 5 de julho.

O coordenador do Programa Waimiri-Atroari, Porfírio Carvalho, disse que a agenda de Maria Rita na terra indígena será feita pelos próprios waimiri-atroari. Ela deverá visitar várias de algumas das 30 aldeias existentes.

O membro do Comitê da Verdade no Amazonas, Amadeu Guedes, confirmou a vinda de Maria Rita Kehl, mas também informou que sua agenda só será construída integralmente até a próxima sexta-feira.

A vinda de Maria Rita Kehl é aguardada desde o ano passado, quando um amplo relatório sobre a existência de violações de direitos foi construído por membros do Comitê. O relatório resgata historicamente o processo de construção da BR-174 (Manaus-Boa Vista) e os impactos causados pela obra na vida dos waimiri-atroari.

Há informações relatadas pelo indigenista Egydio Schwade, que trabalhou junto aos waimiri-atroari nos anos 80, de que aproximadamente 2 mil indígenas desapareceram.

Segundo Egydio, aldeias inteiras foram dizimadas, muitos indígenas teriam sido mortos por armas de fogo e outros morreram devido às doenças levadas pelos “brancos”.

A visita ao Amazonas de Maria Rita Kehl, que recentemente declarou que também passará a estudar o Relatório Figueiredo (sobre denúncias graves que apontam extermínio de povos indígenas inteiros) desde a criação do extinto Serviço de Proteção ao Índio (SPI), já havia sido adiada duas vezes. A principal dificuldade era a combinação das agendas da integrante da CNV com as atividades dos indígenas waimiri-atroari.

População

A população dos índios waimiri-atroari atualmente é estimada em 1.500 pessoas. Nos anos 80, era pouco mais de 300. A perda populacional na época foi atribuída aos avanços da população não-indígena em suas terras, às mortes sumárias, às doenças e à instalação de grandes empreendimentos em seus territórios – rodovia, hidrelétrica, atividade minerária.

Nos anos 80, sua população foi novamente afetada (após o impacto da BR-174) com a construção da Hidrelétrica de Balbina, construída em seu território. Após muitas mobilizações da sociedade civil, indigenistas e alliados indígenas, a Eletrobrás construiu um programa social para atender exclusivamente os waimiri-atroari.

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