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quarta-feira, 14 de maio de 2014

Documentos sobre a ditadura militar continuam desaparecidos.


Documentos das Forças Armadas sobre a ditadura militar continuam desaparecidos, informaram pesquisadores do Arquivo Nacional. Especialistas do órgão cobraram a entrega de arquivos do antigo Centro de Informações da Marinha (Cenimar) e do Centro de Inteligência do Exército (CIE), além de registros das universidades, dentre as quais a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade de São Paulo (USP), que sofreram ação de agentes da repressão.

De acordo com a professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Inez Teresinha Stampa, apesar da colaboração do Ministério da Defesa, instituições militares seguem negando informações sobre os documentos. Stampa é assessora de coordenação do Centro de Referência Memórias Reveladas, criado pela Presidência da República para recolher e divulgar informações sobre o regime.

- Ao analisar os documentos do SNI (Serviço Nacional de Informações), encontramos referências, correspondências e informações sobre o Cenimar. Porém, não temos nenhum documento do Centro de Informações da Marinha recolhido ao Arquivo Nacional. Então, onde estão? – questionou Stampa. De acordo com ela, os órgãos oficiais dizem que os papeis não existem mais.

O assessor do presidente do Arquivo Nacional para o centro de referência, Vicente Rodrigues, afirma que, apesar do volume de informações recolhidas 24,4 milhões de páginas, as buscas continuam. “Há documentação desaparecida, como a do Centro de Inteligência do Exército, que é uma fonte importantíssima ainda não localizada”, frisou. Segundo ele, há relatos de que os documentos também foram destruídos, “mas isso ainda não foi comprovado”. O Ministério da Defesa não informou sobre o paradeiro dos arquivos mencionados.

Mesmo que os órgãos militares tenham destruído os documentos relativos ao regime ditatorial, Inez Teresinha Stampa explica que é preciso esclarecer as circunstâncias do procedimento. “Isso tinha que ser feito com ata, com um responsável pelo descarte, tinha que ter até uma lista desses documentos. Ou seja, quando foi e quem era o responsável, coisa que não conseguem nos responder”, ressaltou.

Os especialistas do Arquivo Nacional estão reunidos esta semana para o seminário Ditadura e Transição Democrática – 5 anos do [Centro de Referência] Memórias Reveladas nos 50 Anos do Golpe de 1964, realizado no Rio de Janeiro. O evento, que segue até sexta-feira (16), avalia o acesso à informação e a atuação da Comissão Nacional da Verdade.

Nas discussões desta segunda-feira, os participantes destacaram que universidades federais e estaduais também são detentores de materiais importantes sobre período. “A UFRJ, que é uma universidade grande e um dos epicentros do golpe, digamos, não localizou os órgãos que guardavam esses documentos, as Assessorias de Segurança e Informação (ASI)”, disse. “A USP também não”, acrescentou a pesquisadora, que aposta na Comissão da Verdade das próprias instituições para localizar e trazer à tona pedaços da história do país.

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