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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Impressões de 1 a 5 - Por Odenildo Sena

Odenildo Sena
1. O presidente do Supremo, porque se viu contrariado, chamou o colega Lewandowski de ‘chicaneiro’; o ministro Marco Aurélio, numa cena de arrogância explícita, taxou o outro colega de ‘novato’, desqualificando sua competência pra emitir opinião; Gilmar Mendes, sem nenhum pudor, intimidou o outro ministro, deixando claro que ele (Gilmar) estava preocupado com a plateia. Atabalhoadas vozes! Não servem de exemplo a nenhum estudante do primeiro período de Direito.

2. Não tenho nenhuma dúvida do sucesso do Programa Mais Médicos. Não como ação permanente, mas embrionária de uma natural evolução que, no futuro, tornará o programa dispensável. Para isso, é claro, ações estruturantes de Estado precisam ser implementadas pelos atuais e futuros governantes. Diante dessa perspectiva, penso que seria muito oportuno o Governo Federal pensar na criação de um Programa +Pesquisadores pra Amazônia, nos moldes do +Médicos. Afinal, qualquer revolução nessa estratégica região do País passa pelo avanço da ciência em seu espaço. Só pra se ter uma ideia dessa urgente necessidade: o número de mestres e doutores por mil habitantes na Amazônia é, respectivamente, 1,12 e 0,39. Já a média brasileira é de 2,71 e 0,98 respectivamente. Ou seja, ou ampliamos essa proporção na Amazônia ou, como bem disse nossa Bertha Becker, vamos continuar servindo de almoxarifado para o Brasil e para o mundo.

3. Ele não era meu ídolo. Depois dessa, passou a ser. Ao afirmar que os EUA monitoram outros países apenas “para melhor entender o mundo”, pra mim Obama finalmente passou a ser de fato merecedor do Nobel da Paz, coisa que eu vinha renegando até então. Vejo na candura de suas doces e espirituosas palavras uma extraordinária preocupação com o presente e o futuro da humanidade, comportamento de causar inveja ao franciscano Papa Francisco. Esse enternecedor conforto, transmitido pelas palavras de Obama, nos enche de tranquilidade e nos penitencia das injustas acusações de que seu pacato e respeitador país andou bisbilhotando a nossa vida e a da nossa presidenta com maldosas intenções. Agora, sim! Longe de todos nós tal infâmia contra o velho e pacífico Tio Sam. Diante desse quadro, uma vez que o Nobel da Paz já foi mesmo outorgado ao Obama e dele ninguém tira, proponho que lhe outorguem um prêmio complementar: a medalha de maior cara de pau do Planeta.

4. Ora vejam. Segundo li há poucos dias na revista Carta Capital, 78% dos médicos já enfrentaram recusa total ou parcial de procedimentos e medidas terapêuticas por parte de planos de saúde. Mais: 75% afirmam sofrer ingerência das operadoras no número de exames solicitados. Moral da história: quem manda não é a real necessidade do paciente, mas o capricho dos interesses econômicos das operadoras, que deitam e rolam. Mas um detalhe precisa ser destacado. Não se tem informações de que os médicos que atendem pelos planos de saúde compartilhem com os pacientes essa realidade. Ou seja, o paciente acredita que está tendo seus direitos respeitados. E aí, salvo melhor juízo, tem-se um caso explícito de grave e danosa conivência… Ou não?

5. Doze anos depois da inauguração de seu prédio, o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) continua sem certidão de nascimento. Leia-se: não tem personalidade jurídica; logo, inexiste enquanto instituição. Em pleno funcionamento, o CBA teria, dentre outros, o propósito estratégico de transformar resultados de pesquisas em produtos com altíssimo valor agregado, principalmente a partir de insumos amazônicos. Ou seja, seria a ponte necessária entre a academia e os institutos de pesquisa e o setor produtivo. Sem funcionar, porém, não fica difícil imaginar o tamanho da fortuna que o CBA já deixou de produzir pra Amazônia e seu povo. Enquanto isso, há apenas dois anos, o então ministro de CT&I, Aloísio Mercadante, lançou o projeto de criação de uma nova empresa pública, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), que, lépida e fagueira, já saltou do papel pra vida e já se encontra em franca atividade. Enquanto isso, o nosso CBA continua a ver navios. Diz o ministro Pimentel, até dezembro. É bom desconfiar.

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