Marina é candidata, Campos age como raposa política e Caiado se diz “vendido”


A entrevista em que o ex-deputado Luciano Zica - alto dirigente da Rede Sustentabilidade e coordenador da formação do partido em São Paulo – inaugurou a debandada e anunciou estar fora do partido da ex-senadora Marina Silva já era um sintoma. Mas pior mesmo e reveladora da confusão reinante no lado deles, decorrente da parceria Marina Silva-Eduardo Campos, é a entrevista do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) publicada pela Folha de S.Paulo hoje.

A frase simbólica e que é bem uma síntese dessa entrevista do deputado Caiado é “poderiam ao menos ter me avisado que eu fui vendido”. O deputado a profere ao revelar o convite feito pelo governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, para ele ser Ministro da Agricultura num hipotético futuro governo seu.

Também a entrevista à Folha na qual Zica deixa a Rede tem sua frase síntese-simbólica: “Nossa proposta era a de fazer da política uma nova política. E o PSB não tem métodos menos velhos que os outros partidos.” À Folha de s.Paulo ele diz, ainda, como tomou a decisão de deixar o partido: “Fiz igualzinho a Marina: não discuti com ninguém”.

Convite a Caiado para ser ministro desmente entrevista de Eduardo Campos

O convite a Caiado para ser ministro, simplesmente contradiz e desmente toda a entrevista de Eduardo Campos à CBN, emissora de rádio das Organizações Globo, em plena campanha pela chapa Eduardo Campos-Marina-Silva para a eleição nacional do ano que vem. Nessa entrevista, aliás, o governador Campos bate na tecla de que as contradições e divisões entre eles – ele e Marina Silva – e dentro de seus partidos, PSB e Rede, são invencionices da oposição.

Na entrevista, Campos negou ter fechado aliança em Goiás com Caiado, um dos maiores articuladores do Código Florestal e que bate de frente com Marina e com o programa dos ambientalistas da Rede. Perguntado se pode abrir mão da sua candidatura à presidência para dar lugar a Marina, Campos limitou-se a dizer que não haverá problema em decidir chapa para 2014 e que não há contradição interna nesse sentido.

Eduardo Campos age, assim, da forma bem antiga e tradicional das velhas raposas da política para fugirem dos fatos desagradáveis ou contrários aos seus objetivos quando a realidade é outra. Pois a realidade de Eduardo Campos-Marina Silva, com início de debandada de seus companheiros de partido, rachas, divisões na rede e no PSB, é bem outra.

Integrantes do PSB, aliás, em sucessivas declarações publicadas na Folha hoje, afirmam que o nome que estará na chapa como candidato a presidente da República em 2014 é o de Eduardo Henrique Accioly Campos. O conjunto de declarações constitui quase um manifesto nesse sentido e deixa claro que os integrantes do PSB nem admitem discutir com Marina a possibilidade de ela ser a candidata – Marina disse à Folha que ela e Campos “são duas possibilidades (de candidato)” e “sabem disso”.

O candidato a presidente da República é Campos, dizem membros do PSB

Leem-se as entrevistas de Luciano Zica e de Ronaldo Caiado, por elas e pelos desdobramentos resultantes da parceria Marina Silva-Eduardo Campos firmada desde sábado pp., e a conclusão é que Marina também é pré-candidata ao Planalto no ano que vem. Quer dizer, o fato é que ela continua candidata e as divisões no PSB e na Rede apenas começaram, o que é da natureza de uma aliança política. Estas entrevistas de Luciano Zica e de Ronaldo Caiado deixam isso bem claro.

O que não é natural é tentar negar e fazer política na base na mentira. Ainda que isto seja fácil quando se tem, como Eduardo Campos-Marina Silva, apoio de toda a rede – não a da Marina, mas a de comunicação, a dos Marinhos, padrinhos da aliança alternativa. Alternativa, registre-se, não à reeleição da presidenta Dilma Rousseff, mas ao fracasso da candidatura presidencial tucana.

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