A Abril argentina teve negócios com a ditadura militar do país


Numa matéria que abre o noticiário internacional do Estadão hoje -”Governo sugere que arquivo perdido da ditadura compromete Grupo Clarín”-, sobre o encontro num porão do edifício-sede da Força Aérea, de 1.500 pastas com atas e documentos secretos da última ditadura militar argentina, lá do meio para o fim do texto, há um registro de que o Grupo Abril naquele país também manteve estreitas relações e negócios com o regime dos militares.

De acordo com a matéria, a empresa Papel Prensa (que anda no centro da controvérsia entre o governo Kirchner e o grupo Clarín) criada em 1969 por decreto do ditador general Juan Carlos Ongania foi repassada em 1972 por outro general ditador, Alejandro Lanusse, para Cesar Augusto Civita e para a Editora Abril.

Depois, a Papel Prensa foi vendida a David Graiver, um banqueiro que tinha negócios tanto com o novo governo, do presidente Juan Domingo Perón, quanto relações financeiras com os militares e, de forma secreta, também com o grupo guerrilheiro Montoneros, de resistência à ditadura.

Lá, como cá, negócios da Abril com a ditadura

Em outras palavras, essa matéria do Estadão registra que lá, como cá, a Editora Abril e seus proprietários, a família Civita, tiveram negócios e estreitas relações com as ditaduras militares nos dois países. Aliás, um amigo lembra que essas relações Abril-Civita-ditadura argentina aparecem há anos, reaparecem periodicamente e a única diferença agora é que hoje a referência está publicada meio escondida no Estadão.

A relação e os negócios Abril-família Civita-ditadura ocorreram, mas o fato é que a mídia as esconde e no dia a dia centra o noticiário nas tensas e polêmicas relações entre o governo Cristina Kirchner e o conglomerado de comunicação Clarín. Desde ontem a mídia anuncia que o grupo elaborou “voluntariamente” um plano para enquadrar-se à Lei dos Meios, regulação aprovada na Argentina que proíbe a continuidade do monopólio de comunicação do Grupo Clarín, detentor de concessões e de centenas de veículos de comunicação no país.

“Voluntariamente”?

Como assim “voluntariamente”? O Grupo Clarín deve, precisa e pode, simplesmente cumprir a lei. É o que está fazendo, aparentemente, pelo menos é o que anuncia.

Essa matéria do Estadão, que é mais sobre a descoberta das 1.500 pastas com atas e documentos secretos da ditadura, traz também uma declaração de Lita Boitan, dirigente da organização argentina Parentes de Desaparecidos e Detidos por Razões Políticas. “Sempre pedimos a abertura dos arquivos e a resposta que nos davam era que eles tinham sido destruídos, não existiam”, afirma Lita.

A declaração dela lembra situação, respostas e enrolação dadas em outro país diante da cobrança pela sociedade da abertura de arquivos da ditadura militar?

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