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sexta-feira, 17 de maio de 2013

“Até hoje tem gente que duvida que houve tortura”

Parece inacreditável, mas Lúcia Alves Vieira, filha de Mário Alves, militante do PCB, barbaramente torturado no período militar, está coberta de razão quando afirma que “até hoje tem gente que duvida que houve tortura”. A declaração veio após a denúncia do Ministério Público Federal do Rio contra cinco agentes da ditadura pelo crime de sequestro qualificado de seu pai.

"Foi uma surpresa agradável, uma notícia que esperávamos há um bom tempo. Estou esperançosa de que chegaremos à verdade e aos esclarecimentos desse evento tão mal explicado", afirmou Lúcia, que tinha apenas 20 anos quando Mário foi preso pelo DOI-CODI em janeiro de 1970.

No órgão atuavam os agentes da repressão Luiz Mário Valle Correia Lima, Luiz Timótheo de Lima, Roberto Augusto de Mattos Duque Estrada, Dulene Aleixo Garcez dos Reis e Valter da Costa Jacarandá, agora, acusados de sequestro qualificado pelo MPF. Caso sejam condenados pelo crime, eles também perderão o direito à aposentadoria, às medalhas e conderações, além de serem obrigados a pagar indenização à família.

Sobre a indenização, Lúcia esclarece que não a pediu. "Esta ação é do MP não é minha. Não sou nem testemunha. Meu objetivo não é esse. É evitar que se continue torturando, porque até hoje tem gente que duvida que houve tortura".

Que se faça Justiça

Um dos grandes e respeitados quadros do PCB, e fundador do PCBR, Mário Alves dirigiu publicações como a "Voz Operária", "Tribuna Popular" e "Novos Rumos". Em 1964, ano do golpe, foi preso e liberado após habeas corpus. Em 1968, teve seus direitos políticos cassados e dois anos depois, em 16 de janeiro de 1970, foi preso e torturado durante toda a noite.

Presos políticos contam que o viram todo ensaguentado, em "estado precário de saúde, mas ainda vivo". Depois daquela noite, Mário nunca mais foi visto. Segundo os procuradores do caso, ele sofreu “vários tipos de tortura, especialmente por métodos como choques elétricos, 'pau de arara', afogamento e espancamento".

Sim, houve tortura. E como sempre digo, a verdade virá à tona, queiram ou não.

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