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segunda-feira, 1 de abril de 2013

As viúvas de 64 continuam a chorar pela "revolução" de 1º de abril


Neste fim de semana (domingo), 31 de março, completaram-se 49 anos do malfadado golpe militar que, na verdade, foi a 1º de abril de 1964. Os militares que o deflagraram, implantando 21 anos de ditadura, inicialmente tiveram o desplante de chamá-lo de "revolução" - alguns chamam até agora. O golpe, felizmente, não é mais comemorado com ordens do dia de enaltecimento nos quartéis desde o final do governo Lula.

Mas um grupo de militares da reserva não deixou a data passar em branco e, ainda, escreveu um virulento manifesto contra a Comissão Nacional da Verdade (CNV). Entidades que congregam integrantes das Forças Armadas divulgaram um documento que presta 'homenagens' ao aniversário de 49 anos do golpe militar de 31 de março, quando foi quebrada a legalidade e deposto o presidente constitucional, João Goulart, o Jango.

Uma carta assinada pelos presidentes dos Clubes Militar, Naval e da Aeronáutica critica os trabalhos da CNV e chama seus integrantes de "totalitários" e de "democratas arrivistas". A carta afirma: "Não venham, agora, os democratas arrivistas, arautos da mentira, pretender dar lições de democracia. Disfarçados de democratas, continuam a ser os totalitários de sempre." Quase meio século depois, a linguagem deles continua a mesma... E homenagear a quebra da legalidade, o ato de rasgar a Constituição?

Estes militares da reserva são as viúvas da ditadura. Eles que mal ingressavam nos quartéis quando seus superiores deram o golpe ainda orquestram resistência à Comissão Nacional da Verdade, porque sabem que ela tem muito a fazer. Inclusive sobre os desaparecidos políticos e os documentos oficiais ilegal e criminosamente destruídos para ocultar os responsáveis pelas torturas e assassinatos seguidos de desaparecimentos dos cadáveres.

Viuvez, retórica e atos de saudosismos já deviam estar sepultados

Cometeram - e eles sabem disso, daí o medo que têm - crimes hediondos e imprescritíveis assim enquadrados por toda a legislação internacional. Daí esta reação doentia dos que hoje na reserva temem a verdade histórica que os levará ao banco dos réus dos tribunais internacionais e a responder, mais cedo ou mais tarde, à justiça no Brasil.

Suas lágrimas de viúvas não comovem, sua retórica e atos de saudosismo, sim, já deviam estar sepultados. O veredito sobre o golpe já foi dado pelo povo brasileiro e pela Assembleia Nacional Constituinte de 1988. Falta, agora, consolidar a profissionalização das Forças Armadas com as reformas iniciadas na criação do Ministério da Defesa.

Começadas, reconheça-se, mas há muito ainda a fazer na educação ministrada na formação da tropa e nos currículos das escolas militares, no controle e na transparência das promoções e dos orçamentos, nos serviços de Inteligência, e na implantação da nova doutrina de defesa nacional que exige vultosos investimentos para a modernização do nosso poder militar defensivo nacional.

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