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terça-feira, 16 de abril de 2013

Djuena quebra barreiras e leva a música ticuna para o Brasil

A cantora, natural de uma aldeia próximo de Tabatinga, mora em Manaus há sete anos e planeja produzir o primeiro CD.

“A onça que pula no rio”. Este é o significado do nome de Djuena Tikuna. A cantora indígena de 28 anos foi a primeira cantar o hino nacional na língua materna. Natural da aldeia de Umariaçu II, próximo a Tabatinga, em fronteira com a Colômbia, ela mora em Manaus há sete anos. Na capital amazonense, a artista encontra os caminhos para seguir a paixão pela música.

Djuena herdou o nome do pai. Segundo a índia, cada Ticuna tem um clã, e os nomes são dados pelas figuras paternas. Enquanto a mãe é do clã das araras, o pai pertence ao grupo das onças, com o nome de Boatacü, que remete às pintas na pele dos felinos encontrados na amazônia.

A cantora sempre se interessou pela música. Desde pequena cantou de forma não profissional. Para ela, o que a mantinha longe dos holofotes era o medo de palco. Foi quanto aos 14 anos, teve aulas de teatro com Nonato Tavares e, aos poucos, a fobia tornou-se desejo. “Ainda me considero tímida, mas artistas têm que colocar as coisas para fora”, contestou.

A cantora ainda tentou se especializar em outro ramo. Entrou para a faculdade de licenciatura em informática, mas trancou para se dedicar à arte. Após a pausa, Djuena começou cursos profissionalizantes e hoje estuda para entrar na faculdade, no curso de música.

Identidade musical

A música da cantora indígena tem objetivo de transpor valores. Segundo a intérprete, a aposta fica no reconhecimento como pessoa, a preservação, tradição, cultura e até vida pessoal. “Nas minhas letras, mostro minha transição da aldeia para a cidade. Também falo de amor, mas acima de tudo, dos costumes que aprendi e quero passar para meus filhos”, afirmou.


Entre os feitos já realizados por Djuena, encontra-se um pioneirismo. Ela é a primeira indígena a cantar o Hino Nacional na língua materna, ou seja, o ticuna. Em 2009, ela se apresentou nos jogos indígenas, realizados na época, no antigo estádio manauara Vivaldo Lima. ”Fui convidada para cantar o Hino. Mas acharam melhor eu desenvolvê-lo em Ticuna Tive uma preparação por duas semanas, pois precisávamos traduzir da melhor forma possível. Recebi ajuda do professor e também ticuna, Sansão Flores“, contou.

Próximos passos

Além de estudar para ingressar na faculdade, trabalhando na produção do próprio CD solo, ela já tem o estúdio e procura ajuda de amigos para conseguir os itens necessários restantes. “Luto há bastante tempo. Mas espero conseguir tudo, pois quero um trabalho bem feito”, disse.


A cantora foi convidada para participar do projeto Canção da Mata, do Sesc Amazonas. Ela se apresenta nesta sexta-feira (19), no Dia do Índio. Durante a Mostra do Projeto Canção da Mata deste ano, realizada em janeiro, a cantora apresentou as canções Maiyugü Wüiguü (Povos Unidos) e Ngetchü Tükü Mü (Lamentação Ticuna . O show será gratuito e realizado no Espaço Cultural José Lindoso, no Sesc Centro, a partir das 20h. Na ocasião, a cantora levará dois grupos convidados, os Bayoaroá e também Inhã-be Mirim.

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