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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Militares convocados pela CNV não comparecem para depor.


A CNV realizou terceira-feira, em Brasília, audiência pública para ouvir depoimentos de vítimas e parentes de vítimas de prisão e tortura na Guerrilha do Araguaia.A comissão havia convocado para depor quatro militares que participaram dos combates contra o movimento, mas eles não compareceram. O advogado de um dos mais conhecidos dentre eles, o major Sebastião Rodrigues de Moura, o Major Curió, comunicou à CNV que seu cliente fora internado na véspera, no Hospital das Forças Armadas, em Brasília. O mais conhecido

A guerrilha do Araguaia, movimento armado de resistência à ditadura militar organizado pelo PCdoB, atuou entre 1972 e 1975, quando foi dizimada pelo Exército, na região chamada de Bico do Papagaio, no Sul do Pará, onde hoje fica o Estado do Tocantins, criado pela Assembleia nacional Constituinte em 1988.

Durante a guerrilha, camponeses que viviam na região e militantes do PCdoB foram presos, torturado e cerca de 70 foram mortos, embora o Exército não assuma as execuções e eles constem das listas de desaparecidos políticos. Segundo a CNV, 10 mil militares foram deslocados para a região para dar combate a menos de uma centena de guerrilheiros.

Agora os que não comparecerem poderão ser levados pela PF

O coordenador nacional da comissão, ex-deputado Pedro Dallari informou que os militares que não compareceram ao depoimento para o qual estavam convocados ontem, se deixarem de comparecer mais uma vez terão de apresentar justificativa convincente, do contrário, a Polícia Federal (PF) será acionada para obrigá-los a comparecer.

A CNV programou, ainda para este mês, uma visita a chamada “Casa Azul”, no município de Marabá (PA). O local funcionou como base do Centro de Informações do Exército (CIEx) e centro clandestino de tortura e morte durante a as operações militares contra a Guerrilha no Araguaia.

Apesar da ausência dos quatro militares convocados, vítimas da Guerrilha do Araguaia e parentes prestaram depoimentos à comissão. A ex-guerrilheira Criméia Schmidt de Almeida, que saiu da região do Araguaia em 1972, foi presa em São Paulo e depois levada grávida para Brasília, onde passou por várias sessões de tortura.

Usaram bebê filho de guerrilheira para torturá-la

“Usavam o meu filho – contou ela à CNV – para me torturar. E às vezes meu filho ficava dois, três dias sem vir. Eles diziam que ele tinha ido pro juizado. Com um mês, ele pesava 2,7 quilos, era bem desnutrido. E chorava de de fome”. Criméia também afirmou ter sido submetida ao que os militares chamavam de “sala de cinema”: exibiram-lhe imagens de corpos de perseguidos políticos.

“Eram militantes com a cabeça cortada. Eram cenas das cabeças cortadas que me eram mostradas todos os dias. E acho que eram as mesmas. E ficavam mostrando, mostrando mostrando, e ficava um (agente) projetando os slides e outro observando a minha reação”, contou.

O também ex-guerrilheiro Danilo Carneiro contou ter sido um dos primeiros presos na Guerrilha do Araguaia. Ele disse à CNV ter sido levado para a Casa Azul depois de passar 15 dias atuando junto aos camponeses. Lembrou que depois de preso foi constantemente torturado. Carneiro passou, ainda, à comissão uma lista de 16 nomes de agentes da tortura durante a ditadura militar.

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