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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Legista comprova que engenheiro foi torturado e morto pela ditadura.


A Comissão Estadual da Verdade do Rio apresentou na manhã desta segunda-feira (11) documentos que comprovam que o engenheiro Raul Amaro Nin Ferreira foi torturado e morto dentro das dependências do HCE (Hospital Central do Exército), no Rio, em 12 de agosto de 1971.

Documentos anteriores, muitos obtidos pela família de Raul Amaro, já indicavam que ele fora torturado e morto no estabelecimento. Mas uma análise pericial realizada à pedido da comissão pelo médico-legista Nelson Massini comprova que o engenheiro foi torturado no período em que foi mantido sob a tutela dos militares dentro do Hospital do Exército.

Massini, que participou da audiência desta segunda, afirmou que o militante foi torturado ao menos duas vezes durante a semana que permaneceu no HCE. O legista comparou as informações do laudo de entrada de Raul Amaro no hospital com o laudo cadavérico. A partir das características das lesões, especialmente a coloração.

Legenda: Engenheiro Raul Amaro Nin Ferreira, dias antes de sua morte em 1971

Massini disse que se pode afirmar com segurança de que a morte sob tortura se deu dentro do hospital. "Houve agressão logo que ele foi preso. Depois, entre os dias 6 e 7, já dentro do hospital. E no último último, quando ele foi interrogado e morto naquele mesmo dia", afirmou Massini.

A mãe de Raul Amaro, Mariana Lanari Ferreira, ingressou na Justiça para pedir a responsabilização dos culpados pela morte do filho ainda em 1979, em um processo que foi julgado definitivamente apenas em 1994, com o reconhecimento de que o militante fora morto sob tortura.

A partir daí, familiares seguiram investigando os fatos que se deram com o engenheiro entre 1º de agosto de 1971, quando ele foi preso em uma operação em Laranjeiras, na zona sul do Rio, e a morte no dia 12.

Um documento localizado pela família no Arquivo Público do Rio no fim do ano passado comprovava que ele fora interrogado na unidade de saúde um dia antes de morrer. O levantamento nos arquivos foi produzido pelo arquiteto Felipe Nin, 27, e o advogado Raul Nin, 31, com apoio de Marcelo Zelic, do Tortura Nunca Mais. Eles reuniram mais de 300 páginas de documentos públicos que detalham os 12 dias em que o engenheiro ficou sob poder dos órgãos de repressão.

Logo após sua morte, Raul Amaro foi apontado pelo SNI (Serviço Nacional de Informações) como membro do comando nacional do MR-8, grupo que participou da luta armada contra a ditadura. A família diz que ele apenas fazia parte da rede de apoio do grupo, guardando materiais e financiando algumas ações.

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