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sexta-feira, 8 de março de 2013

PT trouxe mais oportunidades para as mulheres


Neste Dia Internacional das Mulher, é importante avaliar as conquistas e os desafios na construção de um Brasil realmente igualitário em suas relações de gênero. Esta sempre foi uma das metas do PT que, em seu último Congresso, aprovou a paridade entre homens e mulheres para ampliar a participação feminina nos quadros de direção.

Para debatermos o Brasil e o nosso PT, conversamos com a Secretária Nacional de Mulheres do PT, Laisy Moriére, que destaca aspectos fundamentais para a mudança da cultura machista no país e dentro do partido.

Em termos de ações e políticas públicas, como você avalia a última década para as mulheres brasileiras?


 
Laisy Moriére[ Laisy Moriére ] As mulheres passaram a ter mais oportunidades a partir do governo do PT. Em 2003, uma série de políticas públicas começou a ser concretizada. É um longo caminho que abriu e vem abrindo mais oportunidades em áreas fundamentais, como emprego e combate à violência doméstica e que fizeram com que a vida das mulheres mudasse.

Basta ver os números. Hoje, temos menos mulheres trabalhando em casa e mais no comércio, nas empresas, o que mostra que o país está mudando. Temos, ainda, um grau altíssimo de mulheres fazendo pós-graduação. Veja que a maior parte das inscrições do Brasil Sem Fronteiras é de mulheres. Estamos, portanto, caminhando a passos largos.

E os desafios?

[ Laisy Moriére ] Nós temos muito pela frente. As mulheres ainda ganham 70% do que recebem os homens para realizar uma mesma função. Em termos de representação feminina na política, a democracia brasileira não irá se aprofundar com o déficit que temos. Nós vivemos no mais longo período democrático da história do país, mais da metade da população é composta por mulheres, mas quando olhamos as instituições do Legislativo – Senado e Câmara – nós não atingimos sequer 30% de representação nos parlamentos. No Judiciário acontece a mesma coisa.

É evidente que termos uma presidenta no comando do país é um motivo de orgulho para brasileiras e brasileiros, mas isso não é suficiente. Existe uma barreira às mulheres para o acesso à política. Além de trabalhar fora, a mulher brasileira tem de cuidar da casa, do marido e dos filhos. Essa parte do “cuidado” é culturamente destinada às mulheres e isso demanda grande parte do tempo. A política fica, portanto, para depois. Além disso, culturalmente, a sociedade cria suas mulheres para o âmbito privado.

Há uma experiência muito interessante no Paraguai. A ministra da Saúde do governo Lugo fundou um partido só de mulheres. É interessante observar como é a dinâmica. As reuniões duram exatas duas horas, começam e terminam no horário e são bastante objetivas. As mulheres organizam seu tempo, programam a vida, para participar politicamente e estar naquele horário ali, por inteiro. É uma experiência nova. Quero muito acompanhar as eleições presidenciais no Paraguai.

Quais mudanças a paridade promoverá no PT?
[ Laisy Moriére ] O PT deu um grande passo em 2011, aprovando a paridade no IV Congresso. Agora, paridade tem de ser para o PT além do número. A questão central é mudar a cultura e o padrão da militância do partido. O povo brinca com esses números, muitos achavam que não iríamos cumprir. Mas o que está por trás disso é um novo aprendizado que terá reflexos no nosso partido. O grande desafio é mudar a cultura. Isso não é fácil. Mudar se adaptando a novas formas de fazer política, como essa questão do horário, de ser mais direto nas coisas, mais prático.

As mulheres pensam o mundo e tem muito a dizer, a questão –s util, mas não menos importante – é que nós temos que aprender a existir na fala, na produção. As mulheres não são criadas para se expor, pelo contrário. O homem é criado para a vida pública. As mulheres observam mais, muitas vezes acham que o que têm para dizer não tem relevância, o que é uma mentira. Muitas vezes observamos em uma plenária que, quando uma mulher começa a falar, os homens passam a conversar. Além do desrespeito e da má educação que isso significa, fica evidente a reação machista dos companheiros. Essa cultura vai mudar dentro do partido. Nós estamos no início de um longo processo.

Uma conquista recente foi a introdução da questão da paridade no texto da reforma política. Um avanço que gera discussão política. Vamos trabalhar duro para que isso aconteça. A questão com essas proporções é que para as mulheres entrarem os homens precisam desocupar os lugares. Esse é o xis da questão, o problema político que está por trás de outros discursos.

Em relação à violência contra a mulher, quais são os desafios?
[ Laisy Moriére ] Violência doméstica é um mal da humanidade. A Lei Maria da Penha é uma das melhores do mundo, foi sancionada pelo presidente Lula em 2006. E lembrem-se que o Brasil recebeu uma sanção da Comissão Interamericana e foi obrigado a fazer uma lei que tratasse dessa questão. Até hoje é uma Lei que pegou, todos conhecem, mas temos ainda muita dificuldade para executá-la até porque o Judiciário não cumpre o seu papel. Muitas vezes os juízes demoram 15 dias para dar uma medida de proteção à mulher. Nesse meio tempo ela acaba sendo morta. Precisamos urgentemente aperfeiçoar o aparato policial.

Os governadores precisam assumir essa atribuição porque a maioria do Judiciário é estadual. Sem falar na própria delegacia de mulher que fica aberta de segunda à sexta, das 8 às 18h, quando todos sabem que a maior incidência de violência é nos finais de semana ou à noite, quando a delegacia está fechada. É uma discussão que precisamos aprofundar até porque o Ligue 180, que cumpre uma tarefa importantíssima no país, sozinho não dá conta. Só poderá atender com mais qualidade e mais eficácia uma rede em que funcionemo Judiciário e o aparelho policial.

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