Primeiro documentário nacional sobre produção orgânica será exibido em Brasília
"Brasil Orgânico" fala de alimentos, de pessoas, de saúde, de mercado, em uma viagem pelos biomas do país. O documentário integra a Mostra de Cinema do Desenvolvimento, promovido pelo IPEA, e será exibido nesta quinta-feira, dia 21 de março.
O pioneiro documentário sobre a produção orgânica brasileira terá sua primeira exibição pública nacional em Brasília, durante a 3ª Conferência do Desenvolvimento, promovida pelo Instituto de Política Econômica e Aplicada (3ª Code/Ipea). Brasil Orgânico (58min), dirigido por Kátia Klock e Lícia Brancher, reúne iniciativas e histórias de pessoas que têm neste cultivo uma ideologia de vida: do agricultor familiar ao grande produtor, do agrônomo ao nutricionista, do chef de cozinha ao empresário do mercado de alimentos. O filme foi um dos 11 selecionados para a terceira edição da Conferência que se destina a promover o desenvolvimento regional em todo o território brasileiro.
Realizado pela Contraponto, produtora sediada em Florianópolis, Brasil Orgânico passeia pelas regiões, apresentando a diversidade de culturas, paisagens e ecossistemas brasileiros. A equipe viajou durante um ano por todo o país orientando-se pelos biomas Pantanal, Amazônia, Pampa, Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica. O documentário provoca a reflexão sobre o que comemos, como desenvolvemos nossa produção alimentícia e as vantagens nutricionais e sociais da agricultura orgânica frente à convencional.
"Os princípios da produção orgânica passam pela valorização de todos os elos da cadeia, especialmente dos agricultores familiares e comunidades extrativistas. Neste documentário mostramos de onde vêm e quem produz esses alimentos” destaca Lícia Brancher, codiretora do documentário e agrônoma, que estará presente na 3ª Code/Ipea para a apresentação do Brasil Orgânico. A exibição ocorre às 14h20min no Centro de Eventos e Convenções Brasil 21, nesta quinta-feira, dia 21 de março. Pouco antes, às 10h30, Lícia Brancher acompanha o debate Cinema e Desenvolvimento – panorama, perspectiva e potencialidades, com a participação do secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Leopoldo Nunes.
DE ANANINDEUA A SENTINELA DO SUL - No norte de Minas Gerais, o documentário registra experiências exitosas em pequenas propriedades de agricultura familiar, enquanto que nas comunidades ribeirinhas da bacia amazônica do Pará, como Ananindeua, região metropolitana de Belém, o foco é o extrativismo sustentável do açaí e do palmito. No Pantanal, a equipe acompanhou a pecuária orgânica certificada que produz carne com equilíbrio socioambiental. No Rio Grande do Sul, as gravações aconteceram em uma fazenda de arroz biodinâmico no interior do estado, na pequena Sentinela do Sul, e na Feira Agroecológica da Redenção que acontece há mais de 25 anos em Porto Alegre. Em Santa Catarina, as pautas são o trabalho dos produtores ligados à Agreco, Associação dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral, e o turismo rural nas propriedades familiares e orgânicas, desenvolvido pela Acolhida na Colônia.
Em Itirapina, interior de São Paulo, a equipe esteve na Fazenda da Toca, do empresário e produtor orgânico Pedro Paulo Diniz, que vivencia com sua família e funcionários uma nova (e antiga) dinâmica para a vida. A fazenda produz frutas, ovos e laticínios em equilíbrio com o meio ambiente. Na capital paulista, além da tradicional Feira do Parque da Água Branca e do restaurante orgânico Le Manjue, foram entrevistadas as agrônomas Ana Maria Primavesi e Ondalva Serrano, pioneiras da agroecologia no Brasil e fundadoras da Associação de Agricultura Orgânica (AAO).
Ainda que o mercado de orgânicos cresça mais de 20% ao ano, a realidade no Brasil deixa muito a desejar. Apenas 0,8% da agricultura nacional é orgânica. Trata-se de um tipo de produção que vai muito além de produtos livres de agrotóxicos, adubos de síntese química e transgênicos. Ela tem como princípios a manutenção da biodiversidade, a sustentabilidade da vida no campo, a preservação ambiental e a valorização do trabalho. Os alimentos certificados com o selo orgânico são produzidos sem aditivos e conservantes artificiais e têm maior valor biológico, além de preservar a vida e a saúde de quem produz e de quem consome.
O documentário Brasil Orgânico será lançado em DVD durante as comemorações de dois anos da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, dia 11 de abril, em São Paulo. O filme terá distribuição nacional em parceria com empresas e instituições. O documentário também estará disponível em videolocadoras e lojas especializadas. O projeto é realizado através da Lei do Audiovisual (Ancine/Ministério da Cultura), com patrocínio da Tractebel Energia e do BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul).
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