Relatório do PNUD sobre IDH no Brasil tem de ser lido com cuidado


Todo cuidado é pouco com a leitura desse relatório de índice de desenvolvimento humano (IDH) divulgado nesta 5ª feira (ontem) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Cuidado porque ele se fundamenta em dados até de 2005, o que, reconheçamos, são antigos e de uma realidade muitíssimo mudada nos últimos oito anos.

Por isso credito inteira razão aos ministros do governo que protestaram contra as conclusões do documento. "A questão é: os dados brasileiros estão incorretos. A avaliação é injusta com o Brasil", ponderou a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, uma das que reclamaram.

Também está coberto de razão o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, ao apontar que o PNUD não considerou a aumento do tempo de ensino fundamental de 8 para 9 anos no Brasil. Ao desconsiderar esse dado, o PNUD simplesmente deixou de fora do relatório a contabilização de nada menos que 4,8 milhões de crianças, entre 5 e 6 anos, que já iniciaram sua atividade escolar por causa da mudança nesse ciclo de ensino.

O levantamento do ministro indica que, se esse dado tivesse sido considerado, o Brasil subiria 20 posições no ranking de desenvolvimento humano mundial.

Educação é um dos indicadores de maior peso

Um dos indicadores de educação considerados pelo ranking do IDH-PNUD são os anos esperados de estudo da população. No caso brasileiro, a base para esse cálculo utilizada no IDH ontem divulgado foi 2005. Além disso, a média de anos de escolaridade utilizada foi calculada com dados de 2010. A parada na melhoria dos dados de educação segundo o cálculo oficial - eles vinha em ritmo mais forte no início da década de 2000 - é um dos principais fatores que seguram o desenvolvimento humano brasileiro.

Mesmo assim, o relatório mostra que, com um crescimento de 24% no IDH desde 1990, o Brasil está entre os 15 países que mais conseguiram reduzir o déficit no índice. O Brasil manteve a colocação de 2011, ficando em 85º lugar, entre os 187 países avaliados, mas a posição situa o Brasil entre os países com desenvolvimento humano elevado, com um IDH de 0,730. A classificação no IDH vai de 0 a 1 - quanto mais perto de 1, maior é o desenvolvimento humano no local.

Noruega, Autrália e EUA são os primeiros colocados. Na outra ponta aparecem a República Democrática do Congo e o Níger, na África. O ranking avalia o desenvolvimento humano dos países em três dimensões: vida longa e saudável, acesso à educação e padrão decente de vida. Esta última versão do relatório destaca a ascensão dos países aqui do Sul, com destaque para Brasil e Chile, e ainda, Índia e China.

Quem adotou desenvolvimento com participação do Estado melhorou

De acordo com o estudo, estes países estão “remodelando a dinâmica mundial no contexto amplo do desenvolvimento humano”. Para o representante do PNUD no Brasil, Jorge Chediek, “o relatório mostra que alguns países adotaram modelos de desenvolvimento com maior destaque para a participação do Estado e políticas de transferência de renda que tiveram um resultado histórico”. Ele classifica o o Brasil como um dos protagonistas dessa mudança.

No tocante ao Brasil, o que julgo mais preocupante é a situação quando se olha a desigualdade. Apesar da queda recente, o Brasil ainda é o 97º país mais desigual do mundo, no ranking de IDH sobre esse ponto específico. "O Brasil já esteve em 73º lugar no ranking de IDH, em 2010, e agora está em 85º.

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