“Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores”. A frase de Cora Coralina traduz a trajetória de vida da parintinense Pacífica Gonçalves da Costa, nascida em 1933. Parentes e amigos a conhecem como Pacy. Viveu parte de sua vida em Parintins, num contexto social e político dos anos 40 e 50. Casou e teve onze filhos, sendo a criação dos mesmos seu primeiro grande desafio. Nos anos 70, em pleno período do ‘Ame ou Deixe’, Pacy resolveu separar-se, contrariando o Bispo da cidade, Dom Arcângelo Cerqua, e com os filhos passou a vender iguarias.
Dois anos depois, montou o restaurante ‘Leão de Ouro’, sem perder o foco na educação dos filhos, nem reclamar da vida e da dupla jornada. Paralelo a essas atividades, retomou os estudos. Comigo foi peremptória: “Você vai para Manaus estudar, arrumei sua vaga na Casa dos Estudantes”. Sempre muito direta e franca. Na despedida, que não esqueço, ela asseverou: ‘Estude e vire gente’.
Cinco anos depois, vendeu tudo que tinha e mudou-se com os filhos para Manaus, onde ingressou no curso de biblioteconomia da Ufam. Formada, trabalhou, até sua aposentadoria, na Biblioteca Pública, àquela que foi sua segunda casa. Intrépida, subia e descia as escadarias daquela casa histórica. Seus filhos estudaram e acompanharam o exemplo de uma mulher que cuidou de si e dos seus.
Em meados de 80, em que pese os resquícios da Ditadura, com o intuito de colaborar com a luta política, filiou-se ao PC do B, porque Pacy era e é assim: destemida e solidária.
Nesta manhã, ao lado dos seus amigos e familiares, essa mulher guerreira comemora seus 80 anos de vida. Não podia deixar de resgatar, neste dia, contando com a compreensão dos leitores desse jornal, a história dela, que é minha mãe, a quem decidi prestar esta homenagem, em poucas linhas.
Parabéns Pacy!
* O Senador João Pedro Gonçalves da Costa é presidente do Partido dos Trabalhadores do Amazonas.
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