"As mulheres que haviam seguido e assistido" (Mc 15,41)
Nos últimos anos temos acompanhado através da mídia, diversas especulações sobre a relação de Jesus Cristo com as mulheres ou com o feminino.
O caso recente foi um fragmento de papiro copta do século IV, encontrado no Egito pela Professora Karen L. King da Universidade de Harvard (2012) e o livro "O Código Da Vinci" de Dan Brown (2003) e o filme homônimo de 2006.
Tais especulações que geram um debate infrutíferos no seio da Igreja, deveria ser aproveitado o vazio de tais debates, pelas mulheres para ajudar na contribuição de um debate pela maior participação das mulheres na Igreja.
Jesus era misógino?, podemos disser que não e segundo o Apóstolo Paulo, "não há homem, nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gl 3,28), ele não fazia acepção de pessoas, nem excluía ninguém, mas acolhia a todos com carinho.
Na vida de Jesus encontramos diversas mulheres como a mulher doente, as discípulas, Maria de Nazaré sua Mãe, a samaritana,a cananéia, viúva de Naim, pobre viúva, prostitutas e a samaritana, bem como nas suas parábolas fala muito das mulheres.
Numa sociedade e época em que excluía-se as mulheres, colocando em atitudes e situações inferiores ao homem, sem terem direito e voz na sociedade.
Muitas vezes elas eram vitimas de atitudes arbitrárias justificadas pela lei e a religião, e acabavam sendo lançadas na miséria,pobreza e na prostituição. Como o caso do divórcio (Dt 24,1-4), consideradas impuras (Lv 15,19-33), onde elas perdiam todos os direitos conquistados na era do tribalismo( Êx 22,15.20-23) e o direito a herança( Nm 27,1-11).
Jesus contrariando a cultura e a religião oficial faz uma revolução ao abrir o seu movimento a participação feminina, onde as mulheres o seguem e o servem (Lc 8,1-3), não despreza a sua Mãe em Bodas de Caná (Jo 2,1-12),nem na visita dela num dia de pregação e na cruz a confia a João para que a cuide.
Perdoa a pecadora e salva uma mulher de ser apedrejada (Lc 7,36 ss; Jo 8,1-11), conversa com a Samaritana ( Jo 4,1-42).
Tem compaixão da cananéia e da viúva de Naim, valoriza a humilde oferta da viúva pobre (Mc 7, 24-30;Lc 7,11-17;Mc 12,41-44),ressuscita a filha de Jairo e cura a mulher doente ( Mc 5, 21-43)e cura a sogra de Pedro ( Mc 1,30-31).
Tem uma relação de amizade com as irmãs Marta e Maria de Betânia (Lc10,38-42; Jo 11,1-46) e Maria de Betânia lhe lava os pés (Jo 12, 1-7), onde ele as visitava e ficava hospedado neste lar, quando fazia peregrinação ao Templo e percorria a Judéia.
Amizade com Maria Madalena na qual havia curado de algumas doenças, que lhe acompanhou em agradecimento da Galiléia até a crucificação e depois foi testemunha da ressurreição (Jo 20,1-18), com outras mulheres (Mt 28,1; Mc 16,1-9;Lc 24,1-12).
O Evangelho Apócrifo de Maria Madalena, escreve:" que Jesus beijava Maria Madalena no rosto", o beijo para o semita é o sinal de pertença da pessoa ao grupo, família ao povo, no caso dela, ela pertencia ao movimento de Jesus.
Jesus quebra as barreiras da sociedade, resgatando e dando a dignidade da mulher, onde ele as valoriza, vê as como filhas de Deus que foram criadas a " imagem e semelhança de Deus" (Gn 1,27).
Ele condena o machismo e toda forma de exploração da mulher e vê no matrimônio no seu sentido fundamental que é a aliança abençoada por Deus e com vocação a eternidade.Onde marido e mulher são igualmente responsáveis por uma união que deve crescer sempre e os dois se equiparem a direitos e deverem se amarem e respeitarem mutuamente (Mc 10,1-12).
Os Evangelhos ao nós mostrar o respeito e a valorização da mulher por parte de Jesus e o protagonismo em que elas tiveram nas comunidades apóstolicas. Onde as comunidades nascem nas casas e muitas destas comunidades eram coordenadas por mulheres.
Eis que ao olharmos para Jesus e seguirmos o seu exemplo devemos valorizar a mulher,incentivar a sua maior participação e protagonismo nas decisões das igrejas,da sociedade e das famílias.O verdadeiro cristão e discípulo é aquele que respeita, valoriza a mulher em todas as dimensões.
Que este dia 8 de Março dia da mulher trabalhadora, que as nossas mulheres possam reivindicar direitos iguais de participação em todo lugar na sociedade ,Igrejas, famílias e construir a nova sociedade de iguais e libertos como Jesus queria e sonhava.
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* Membro da Equipe Arquidiocesana da Pastoral Operária de Pelotas/ RS
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