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sábado, 2 de março de 2013

Avançam os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade

 

Da mesma forma que temos feito cobranças aqui, escrevo uma nota no blog para aplaudir os avanços obtidos pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) em seus trabalhos, conforme atesta a reunião do colegiado realizada na manhã de hoje. Neste encontro desta 2ª feira, a Comissão revelou já ter identificado “várias dezenas” de integrantes da repressão política durante a ditadura militar.

De acordo com o anúncio da CNV, são dezenas de militares, policiais e até civis que atuaram durante a ditadura. A Comissão adianta que algumas dessas pessoas já foram ouvidas e outras ainda serão, inclusive por meio de convocação. E quem se recusar a comparecer pode ser processado por desobediência. Até agora o colegiado já ouviu 40 depoimentos, de acordo com este balanço divulgado hoje.

Aí é que eu continuo com uma cobrança a fazer à Comissão: estas audiências e depoimentos têm de ser públicos e não apenas revelados a posteriori. Públicos para que a sociedade, a cidadania tome conhecimento, faça seu juízo de valor e tenha condições de saber toda a verdade e cobrar reparação, punição, enfim, toda esse capítulo e parte ainda escura de nossa história.

Audiências e oitiva de depoimentos têm de ser públicos
A CNV divulgou este balanço, hoje, em encontro com representantes de comitês da verdade dos Estados, quando revelaram, em detalhes, o andamento dos trabalhos. Durante a apresentação do grupo que trata da estrutura da repressão, o assessor que fez a explanação, Guaracy Mingardi, falou sobre os membros da repressão.

"Já identificamos várias dúzias - não foram duas ou três - de membros da repressão. Com nome, RG e endereço", adiantou Mingardi. Nesta reunião de hoje, outra integrante da CNV, a coordenadora do grupo “Golpe Civil Militar de 1964” da comissão, Rosa Maria Cardoso da Cunha - advogada da presidente Dilma Rousseff quando presa no início da década de 70, em São Paulo -, revelou que levantamentos do colegiado apontam que cerca de 50 mil pessoas foram presas em 1964, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Pernambuco.

Rosa Maria lembrou que opositores do regime militar também eram presos em navios e estádios de futebol. Nos navios Raul Soares e Almirante Alexandrino, cerca de 600 pessoas foram mantidas presas, em sua maioria, sargentos e lideranças sindicais. E Rosa citou o estádio Caio Martins, em Niterói, como um dos centros de detenção da ditadura.

"O uso dessa violência permitiu ao regime militar construir o estatuto de um Estado sem limite repressivo. Com três consequências: inoculou a tortura como forma de interrogatório nos quarteis militares, a partir de 1964; fez da tortura força motriz da repressão praticada pelo Estado brasileiro até pelo menos 1976; possibilitou ao Estado executar atos considerados inéditos em nossa história política, como a materialização de atos de tortura, assassinato, desaparecimento e sequestro", analisou Rosa.

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