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domingo, 30 de setembro de 2012

Cara pintadas; 20 anos depois - Júlio Lázaro Torma*


" Caminhando contra o vento/Sem lenço e sem documento/No sol de quase dezembro/Eu vou..."
( Caetano Veloso)

Há 20 anos ou exatamente na tarde de 29 de Setembro de 1992, era aprovado no Congresso Nacional o Impeachment do Presidente Fernando Collor de Mello.

Após 25 anos de ditadura militar, o povo brasileiro foi as urnas votar, a onde passaram para o segundo turno Luis Ignácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello.Collor representava a elite brasileira e transnacional e Lula a classe trabalhadora e o acumulo de forças que vinha das lutas sociais e de redemocratização do país 1960-1989.

Ganha na eleição "fraudada" de 17 de dezembro de 1989, Collor com um discurso de ser novo, caçador de marajás, pai dos descamisados, "Salvador da Pátria".

Instaura o neoliberalismo e inicia o processo de escancaramento do Brasil ao capital transnacional ou neocolonialismo. Junto com os seus amigos Carlos Menem (Argentina), Lacalle (Uruguai), Alberto Fujimori (Peru), Carlos Salinas de Gotari (México).

A década de 1990, inicia um "Novo Tempo", cara nova para o Brasil, só para as elites e o povo continua mal. As tais benesses defendidas por Collor nada mais acontecia para a população que ficava descontente.

O povo perdia direitos, inflação e o desemprego galopavam e o presidente ficava brincando de "supermem". Além da corrupção descancarada no governo e uma iminência parda PC Farias que tinha livre transito no governo e fazia transação fraudulenta.

Ai num belo dia o irmão do presidente Pedro Collor, desce em São Paulo e dá uma entrevista ao jornalista Luís Costa Pinto da Revista Veja, que sai na capa do dia 27 de Maio de 1992.

Foi aquele estardalhaço o Pedro conta os bastidores do poder da chamada "República de Alagoas", e a briga do poder do monopólio da mídia alagoana, onde estava nas mãos da família Collor de Mello, onde o PC Farias e Collor queriam fazer algo paralelo.

PC Farias o testa de ferro de Collor ,o "Rasputin" do Planalto, surge denuncias sobre a reforma da casa da dinda e outras mais.

No Congresso é instaurado a CPI, o povo descontente sai as ruas, os estudantes organizados pela UNE, UBES, os partidos de esquerda, CNBB, AIB, OAB, movimentos sociais e sindical. Collor dá tiros no pé, convoca o povo a sair com as cores da bandeira e o povo sai no domingo de preto, ele numa entrevista a TVs da Argentina fala que esta sob controle, que não haverá Impeachment,o que capitado pelas antenas parabólicas.

A TV Globo, Manchete, Bandeirantes, SBT, embarcam junto na campanha, a TV Globo com ódio de Collor por causa da concessão da TV Record ao bispo Edir Macedo.

A Globo lança a mini série "Anos Rebeldes", saímos todos de pretos embalados pela música " Alegria, alegria" de Caetano Veloso, as ruas gritando" FORA COllOR".

Nós jovens ativistas de esquerda nos sentíamos que estávamos fazendo a Revolução.

Por ser ano eleitoral a direita foi as ruas gritar também, contra Collor, o PSDB (Serra, Malan, F.H.C, desistem de fazer parte do governo Collor, na última hora).

Alguns queriam a volta dos militares dos quarteis e a fugimorização do governo Collor. Collor fica isolado até pela burguesia nacional e internacional dai o bordão," Não me deixam só".

Ele sofre o processo de impeachent, renuncia e vai para Maiami Beach, depois de condenado volta a vida política brasileira.

Olhando os 20 anos depois do Fora Collor na qual tenho orgulho de ter participado, tiro algumas conclusões.

A luta de massas em qualquer país e no Brasil, passa por ciclos históricos, a maior luta de massa foi a greve de 1988,onde nós tivemos o ascenso da luta de massa de 1960-1989 e depois o descenso da luta de massa de 1990 até agora.

As elites colloridas nos deram o gostinho de acharmos que poderíamos fazer acontecer a mudança, mas ai cai Collor e ellas engatilham depois o F.H.C mais competente do que o Collor para fazer o serviço.

É falso o comentário " Nós elegemos, nós podemos tirar", a elite que elegeu Collor foi a que tirou, quando viu que ele não lhe servia e que iria governar para satisfazer o seu próprio ego. Tal argumento é falso e fantasioso.

Vivemos hoje o descredito da classe política, onde lutávamos por moralização, Ética na Politica, caiu Collor e ele voltou assim como muitos aliados dele. Esperávamos que com a sua caída, muitos políticos deixassem a corrupção e o que vimos foi o contrario.

O que fez com que toda uma geração que saiu as ruas por idealismo ou sei lá que outras motivações, se sinta hoje desmotivada e frustrada com a classe política.
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* Membro da Equipe Arquidiocesana da Pastoral Operária de Pelotas/ RS


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