Adeus Ano Velho - Júlio Lázaro Torma*

"Irmãos até agora não fizemos nada, iniciemos tudo de novo" ( São Francisco de Assis)

Mais um ano que finda, mais uma página de nossa vida que arrancamos de nossa breve existência no planeta.

Para mim o ano de 2012, foi o ano mais curto em que passei, assim como foi o ano de 1582, quando o Papa Gregório XIII ( 1572-1585),instituiu o calendário gregoriano no Ocidente latino. Este ano de 2012 para mim teve 126 dias, iniciou no dia 1º de Janeiro e acabou na noite de 25 de abril.

Mesmo nestes curtos dias vivi a alegria e nos momentos de dores, angústias a solidariedade e amizade de pessoas amigas de perto e de longe, alguns na qual nunca vi e nem conheço os seus rostos. Reencontrei e revi amigos/as queridos /as que não vi a muitos anos e que me mostraram a sua amizade e solidariedade.

Pois a verdadeira amizade é como a "flor do pessegueiro", é bonita e delicada e os "amigos verdadeiros são como as estrelas: Não vemos toda hora, mas sabemos que estão sempre lá!" (anônimo) e os verdadeiros amigos são aqueles que se revelam quando a gente mais precisa e te ajudam com uma palavra de carinho e sem interesses.

Assim como os milhares de crucificados do planeta, pela fome, miséria, pobreza em várias regiões da América, Europa, Ásia, África não vão comemorar e nem festejar o Reveillon.Vivi os restos dos dias do ano vivi por viver de arrasto.

Assim como os Afegãs, Iraquianos, Palestinos que tem as suas terras dominadas por potências estrangeiras.

Dos soldados Estadunidenses que lutam numa guerra que não é sua, para manter os interesses de um império e bem como os soldados israelenses que lutam por um estado que enlouqueceu e quer todo custo, continuar com uma guerra inglória e que não trará jamais paz ou segurança para os seus cidadãos.

Guerras estás que trás no ser humano, cicatrizes de batalha, corpos mutilados, mortes e psicologicamente deshumanização, desequilíbrio, ódio ao outro, insegurança. Onde se luta por uma guerra que não é sua em nome de interesses obscuros.

Dos povos originários expulsos de suas terras ou confinados em campos de extermínio, famílias sem terra, sem teto, refugiados externos e internos, imigrantes indocumentados.

Famílias desestruturadas pelo desamor, violência, droga e alcoolismo, crianças submetidas a escravidão, perambulando nas ruas, prostituídas; idosos abandonados pelas famílias e sociedade e jovens sem perspectivas de vida, sonhos e de um futuro melhor.

Se olharmos o ano cronologicamente passa de 2011 para 2012, de 2012 para 2013. Mas tudo continua igual, a mesma coisa, pois os problemas são sempre os mesmos. O que muda é só o dia, nome dos dias, meses e o número do ano.

Como nos diz a música de João Dias ( 1927-1996):

"Adeus, Ano Velho !
Feliz Ano Novo!
Que tudo se realize
No ano que vai nascer!"

O Reveillon, a "noite da virada", é o momento de festejar, dá Ação de Graças, pelas nossas realizações, alegrias, frustrações, tristezas pelo ano que passou e também de reacender e reanimar a "Nossa Esperança", de que tudo será diferente. Como diz o poeta nicaraguense, "um dia tudo será diferente" e de que "veremos raiar um novo dia".

Um novo dia em que conseguiremos a felicidade, o desejo de todo o ser humano de um Adolf Hitler a uma Madre Teresa de Calcutá, de um Marcola a uma dona Rita.Bons e maus desejamos e sonhamos em ser felizes.

Mas para conquistar a felicidade verdadeira devemos caminhar, dou um passo, dois, três, quatro, cinco mais distante ela fica.

A felicidade não é o que o consumismo nos oferece, ilude-nos com a grife da marca, celular de última geração, automóvel do ano e condomínio de luxo, isso é ilusão, miragem, é marketing.

Mas o que neste ano de 2013, que se anuncia ao pipocar dos fogos de artifícios, buzinas, sirenes, toque de sino, que consigamos realizar os nossos sonhos e desejos de construir um outro mundo possível e necessário, em que haja Amor, Paz e Solidariedade entre todos os homens e mulheres.

Contem sempre com a minha ajuda assim como contarei com a vossa. São os votos e desejo do vosso irmão e amigo. FELIZ 2013!

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  * Membro da Equipe Arquidiocesana da Pastoral Operária de Pelotas/ RS