Polícia pega ladrão - Júlio Lázaro Torma*


"Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão" (Bezerra da Silva)

O compositor e sambista Bezerra da Silva, num de seus populares sambas cantava se "gritar pega ladrão, não fica um meu irmão".

Isso foi o que assistimos na última Quarta feira, 12 de Dezembro no centro de Pelotas (RS), com a Operação Efeito Dominó, realizada pela Promotoria Especializada no Combate aos Crimes contra a Ordem Tributária e a Receita Estadual, em que chegaram a uma empresa de Pelotas que fraudou do ICMS, mais de R$ 22 milhões.

O empresariado fala no seu surrado discurso, que a carga tributária brasileira é a mais alta do mundo, que trabalham para pagar impostos e falam na redução de impostos.

O que faz com que muitas pessoas do povo caiam nesta mesma cantilena.

Quanto esses honrados senhores delinquentes de paletó e gravata, não desviam do salário de seus funcionários, não descontam do INSS?, quando o trabalhador/a vai exigir seus direitos trabalhistas é ameaçado de demissão por justa causa e acusado de bandido.

O que mais revolta é que o Ministério Público e a mídia não divulgam o nome da empresa e do empresário que sonega imposto. Quando é um pobre que rouba numa loja, logo o seu nome é exposto na mídia e bem como a sua foto.

No caso destes lojistas sórdidos e vigaristas, o seu nome não é exposto para não manchar o nome e boa fama do empresário e afugentar a clientela do estabelecimento comercial.

Qual a diferença que tem entre alguém que rouba uma calcinha do balaio de uma loja e o empresário que rouba mais de R$ 22 milhões?

A diferença é nenhuma, pois os dois são ladrões, pois o ladrão está em todas as camadas sociais, sendo em sua maioria na classe abastada. A diferença é o ladrão pobre não tem como se defender e o empresário tem como se defender, paga os melhores advogados e compra o poder judiciário (juiz e o promotor, delegado).

O dinheiro desviado pelo honrado senhor que "paga seus impostos", pede "segurança de seu estabelecimento" e a " higienização" do calçadão e do centro da cidade é o que falta a população.

Quantas vezes vemos o povo reclamar e sentimos na carne a ineficiência do estado em atender a população.

Se olharmos a educação e a saúde, onde temos super lotação nos hospitais, carência de profissionais da saúde e medicamentos, fora os postos de saúde fechados e precários. Colocamos a culpa no estado pela situação caótica.

Enquanto isso o sonegador tem médico particular, vai para os melhores hospitais, clinicas do país e não fica na fila de espera do Sistema único de Saúde (SUS).

Para não pagar impostos inventam empresas laranjas, colocam em nomes de laranjas, as vezes suas amantes e parentes destas; fazem lavagem de dinheiro. Dinheiro este fruto de atividades ilícitas, como desvio de mercadoria, pirataria e até quem sabe acobertamento do narco tráfico.

O Ministério Público deve divulgar o nome deste empresário, bem como dos seus laranjas, para que a população saiba quem de fato são os verdadeiros ladrões e seus comparsas.

Assim como nos bairros pobres o criminoso comum é estigmatizado socialmente, este delinquente de paletó e gravata deve sofrer a dura pena.Pois o empresário corrupto e seus comparsas nada mais são do que delinquentes que se apropriaram de um bem que não lhes pertence, mas pertence a economia popular.

O que lhe sobra é o que falta a população, principalmente naquilo que o estado deveria melhor atender a população,principalmente as camadas mais carentes.

Melhor que assaltar uma empresa é fundar uma, o que é roubar de uma empresa comparado ao que sonegam do estado.Há mais empresários ladrões soltos do que ladrões presos nos presídios.Enquanto isso quem mais sofre é o povo honesto e trabalhador da periferia das cidades.
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* Membro da Equipe da Pastoral Operária Arquidiocesana de Pelotas/ RS

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