Que internet teremos daqui a alguns anos?


Segundo Lia Ribeiro Dias, diretoria editorial da Momento Editorial, que publica a revista A Rede, um debate fundamental vai se dar na Conferência Internacional de Telecomunicações (WCIT-12), marcada para dezembro, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. As conferências WCIT (World Conference on International Telecommunications) são organizadas pela União Internacional de Telecomunicações, órgão da ONU voltado para a regulação em nível global do setor.

O problema começa com uma reclamação das grandes teles (operadoras de telecomunicações como a AT&T, Telefônica, etc.) de que os custos para manutenção das redes, com seus cabos, rádios, roteadores e demais equipamentos está se tornando antieconômico, enquanto os grandes provedores de conteúdo (Google, Yahoo!, Facebook, Amazon), ao contrário, faturam e lucram rios de dinheiro. 

A solução, segundo elas? Dividir os custos da parafernália toda com os provedores de conteúdo, responsáveis pela geração de tráfego. Como fazer isso? Cobrando pela quantidade de tráfego e não pela capacidade da conexão, por exemplo. Porque isso, que aparentemente é uma discussão entre empresas sobre investimentos e retorno de investimentos, dependendo da forma como for regulado pode gerar consequências que modifiquem totalmente os princípios de funcionamento da internet hoje como neutralidade e democracia? 

Vamos deixar a Lia Ribeiro explicar, que ela entende do assunto: “O que preocupa muitos defensores da neutralidade da rede, aqui e lá fora, é que a cobrança diferenciada dos grandes geradores de tráfego possa ter consequências que venham a ferir este princípio, que prega o tratamento isonômico de todos os dados que entram na rede, independentemente de quem seja o usuário. Ou seja, a preocupação é que o novo modelo de cobrança venha a dar origem ao tratamento diferenciado do tráfego desses grandes usuários em detrimento do tráfego gerado pelos usuários comuns, criando dois tipos de internet: a dos ricos e a do restante da humanidade. E, com isso, gerando deformações na oferta de conteúdo e riscos à capacidade de inovação e liberdade de expressão”.

O assunto tem sua complexidade, não dá para esmiuçar aqui. Mas é importante seguir o debate de perto. Porque se os responsáveis pelas decisões relativas à regulação estiverem indo para uma direção que não interessa para a maioria, quanto mais gente estiver antenada, é mais fácil se mobilizar e, usando a própria internet, pressionar para que as decisões não vão na direção errada.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Conheça Débora dos Santos, exemplo de mãe da direita.

GUERRA COMERCIAL ENTRE ESTADOS UNIDOS E CHINA.

A maioria do povo brasileiro é contra a anistia à tentativa de golpe.