Filósofo acerta na mosca ao tratar das Olimpíadas

Excelente o artigo do filósofo e professor Renato Janine Ribeiro no jornal Valor de hoje (6.8). Ao fazer a crítica da abertura dos Jogos Olímpicos de Londres ele aponta onde exatamente viu o problema. Fazendo a distinção entre a cultura erudita e cultura de massa, Ribeiro se frustrou porque os ingleses, depois de terem começado bem fazendo essa ligação importante entre a contribuição que eles deram à cultura mundial ao lembrar de Shakespeare, perderam a mão lá pelas tantas ao se renderem totalmente à cultura de massa, passando ao mundo a ideia de que o mais importante que eles têm a mostrar é a criação da minissaia ou dos Beatles. 

Janine também acha, como a presidenta Dilma, eu e muita gente mais, que podemos fazer melhor do que a Grã-Bretanha. “A lição de casa é, essencialmente: o que um país pode mostrar, de sua cultura, que seja uma contribuição importante para o mundo dos próximos anos? Um ponto é evidente, no caso de nosso País: a capacidade de integrar grupos distintos, sobretudo de nacionalidades, etnias e culturas diferentes”.

Segundo o filósofo, a melhor opção é utilizarmos sim a maior festa nacional, de longe, que é o carnaval, com suas escolas de samba e a alegria do nosso povo, como aliás lembrou a presidenta Dilma. Podemos mostrar ao mundo, por exemplo, que “somos um país de imigrantes, como temos uma identidade brasileira mais frágil (ou flexível) do que pretendem algumas outras (culturas nacionais) - e hoje essa flexibilidade (ou fragilidade) é um trunfo para as relações humanas”, escreve ele.

Indo um pouco mais adiante na sua linha de raciocínio, Renato Janine aponta: “Será ótimo se a maior festa, que é uma imagem "for export" (mas também real) do país, permitir uma fecundação recíproca da cultura popular e erudita. Será fantástico se a criação da festa mobilizar nos próximos anos criadores e estudiosos da cultura, mas, sobretudo, as camadas populares”. Para quê? “Quem sabe, para citar Oswald de Andrade, fazer da festa a ocasião da massa comer o biscoito fino da cultura”.

Enfim, está aí um desafio para os que vão se envolver mais diretamente na preparação da nossa festa de abertura.

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