Energia solar como alternativa de geração de energia para o interior do Amazonas. Esse foi o tema da Audiência Pública realizada na manhã desta sexta-feira (17), na Assembleia Legislativa do Estado (ALE), reunindo pesquisadores, empresários, instituições e empresas públicas.
A proposta foi de autoria do deputado estadual José Ricardo Wendling (PT), enquanto presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, preocupado com a situação no interior do Estado, onde ainda existem milhares de comunidades isoladas, sem estruturas mínimas para o desenvolvimento, como energia elétrica. “Queremos agregar conhecimento e propostas a serem encaminhadas ao Governo ou até servirem como emendas a serem apresentadas à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e à Lei Orçamentária Anual (LOA)”.
Projeto piloto de geração de energia solar fotovoltaica, em parceria com o Governo Federal, foi apresentado pela empresa Amazonas Energia como sendo o primeiro sistema autorizado no Brasil pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em fase final de implementação, esse projeto está contemplando 12 comunidades de seis municípios amazonenses - Autazes, Barcelos, Beruri, Eirunepé, Manaus e Novo Airão -, utilizando o sistema elétrico convertido em energia alternativa. “Um projeto que poderá ser universalizado em comunidades isoladas do Estado, reduzindo os impactos ambientais e os custos com estrutura, logística e manutenção”, explica o engenheiro Geraldo Vasconcelos, ressaltando que a empresa pretende investir em mais projetos dessa natureza, garantindo a continuidade do serviço.
Outras alternativas de utilização da energia solar foram apresentadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), que já desenvolve estudos nessa área, mas aplicada na secagem de produtos naturais e de desinfecção de água. “Desde 1984, trabalhamos com a secagem de madeira, desenvolvendo três anos depois tecnologia de secador solar de madeira, atualmente utilizados em todos os estados da Amazônia”, informa o pesquisador Roland Vetter. Após serem demandados sobre a urgente necessidade de desenvolver tecnologia voltada para a desinfecção da água dos rios, por conta da alta incidência de doenças de veiculação hídrica, o Instituto também aprofundou suas pesquisas, chegando hoje a eliminar cem por centro de microbactérias que contaminam as águas.
Política de desenvolvimento
Professor da Faculdade de Tecnologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), José de Castro foi bem crítico em relação ao assunto, afirmando que a energia deve ser vista como inclusão social, e não como uma oportunidade de investimento. “Temos no Estado mais de 6 mil comunidades isoladas. A fonte que resolve o problema da falta de energia é a fonte de renda. A energia solar pode ser uma alternativa, mas precisamos de política de desenvolvimento, para que além da energia, também chegue a escola, a comunicação e o posto médico”.
Para o morador do Município de Carauari, Adevaldo Dias, o problema da falta de energia é uma reivindicação antiga das comunidades ribeirinhas da localidade. “Defendemos que haja investimento do poder público nessas áreas, mas não somente para o consumo doméstico, como também para o abastecimento produtivo”, declara o comunitário, citando que no interior do Município há projeto de unidade de produção de óleos vegetais, com fornecimento de andiroba a empresa privada, cujo consumo de óleo diesel chega a 50% do valor do custo de produção. “Seria uma atividade quase inviável, se não tivesse incentivo privado”.
De acordo com o coordenador do Programa Luz para Todos, Robson de Bastos, em oito anos de ação do Governo Federal, já foram atendidos 68 mil domicílios em comunidades isoladas do Amazonas, um grande salto, quando se compara os 3 mil domicílios servidos por energia elétrica antes da implementação do Programa. “Iremos continuar com as ações do Governo Federal, por meio do PAC2. Mas não podemos atender a todos, principalmente por causa do isolamento, e a alternativa está justamente na energia solar”.
Dentre as entidades e órgãos presentes para a Audiência, destacam-se: Amazonas Energia, Programa Luz para Todos, Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Instituto de Tecnologia Galileu da Amazônia (Itegam), Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Instituto Federal do Amazonas (Ifam), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e empresas ligadas à área.
Fonte: Assessoria de Comunicação
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