Em meio às trilhas de lama do seringal e às noites sem luz elétrica, Marlene da Costa Maciel, hoje com 59 anos, sonhava alto. Enquanto cortava o látex das seringueiras e cuidava dos filhos, ela repetia a mesma frase: “O estudo é o que liberta.”
Viúva e com 14 filhos, Marlene viu sua vida mudar quando decidiu que nenhum deles enfrentaria as mesmas limitações que marcaram o seu passado.
A jornada não foi fácil. O dinheiro era curto, o trabalho pesado e o tempo escasso. Mesmo assim, Marlene e os filhos se revezavam entre a roça e os cadernos. Roupas e calçados eram compartilhados, as noites eram iluminadas por lamparinas e o aprendizado nascia da persistência.
Com o passar dos anos, aquele sonho começou a tomar forma. Hoje, 11 de seus 14 filhos estão formados, um feito que emociona não apenas a família, mas toda a comunidade do interior do Acre.
Os diplomas se espalham por várias áreas: Medicina, Pedagogia, Enfermagem, Engenharia Florestal, Direito e Segurança Pública.
Sete dos filhos seguiram o caminho do serviço público e hoje atuam como policiais e bombeiros, orgulhosos da mulher que lhes ensinou o valor da honestidade, da disciplina e da fé. “Nossa mãe é uma guerreira. Tudo o que somos, devemos a ela”, disse um dos filhos, emocionado.
Para Marlene, a conquista tem um significado que vai além do esforço humano: “Foi Deus quem nos sustentou até aqui. Quando o corpo cansava, era a fé que me levantava. Essa vitória é providência divina”, afirmou, com a serenidade de quem sabe o peso e a beleza de cada sacrifício.
A ex-seringueira, que viveu anos entre o isolamento da floresta e as dificuldades do campo, tornou-se símbolo de resistência, fé e amor incondicional. Sua história inspira mães de todo o Brasil e mostra que quando há propósito, a pobreza não é destino, é apenas um ponto de partida.
Hoje, Marlene é a prova viva de que o amor de uma mãe é uma das forças mais transformadoras do mundo. De mãos calejadas, ela abriu caminhos que nem a mata fechada da vida conseguiu deter.
Fonte: G1/AC.
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