Na sexta-feira passada (26), as baianas de acarajé conquistam uma vitória pela qual lutam há anos: o título de patrimônio imaterial da Cultura do Estado da Bahia. O título foi concedido em ato no prédio da Governadoria, no Centro Administrativo da Bahia. "Conseguimos, em 2005, ser reconhecidas como patrimônio cultural imaterial do Brasil, mas estávamos folclorizadas demais, com dificuldade para lutar pela nossa regulamentação e nossos direitos em nossa terra", afirma a presidente da Associação das Baianas e Vendedoras de Mingau da Bahia (Abam), Rita Santos.
Em meio à polêmica regra da Fifa, que proíbe a venda de acarajés por baianas dentro da Arena Fonte Nova, na Copa de 2014, e no raio de dois quilômetros próximo ao estádio, o título chega em boa hora para a categoria. Para Rita, caberá ao titular da Secretaria Extraordinária para Assuntos da Copa do Mundo Fifa 2014 (Secopa), Ney Campello, reverter a proibição com bons argumentos. "É preciso mostrar que mais do que um alimento, produzimos e fortalecemos uma cultura. A McDonald's, patrocinadora da Copa, nada tem a ver com a Bahia", reclama.
De acordo com a assessoria de comunicação da Secopa, um ofício foi enviado à Fifa no início deste mês, mas até ontem a federação ainda não havia respondido. A Secopa ainda reforça que há um esforço do secretário para garantir a presença das baianas. Conforme a Fifa, a comida típica baiana será comercializada dentro do estádio por empresas que vencerem o processo licitatório. O resultado sairá em novembro. "Não será acarajé, mas bolinho de feijão frito no dendê. O turista vai sair daqui sem conhecer", defende Rita.
Antigas - Dentre os motivos para festejar o novo título, está a facilidade de lutar por políticas públicas para a categoria. São cerca de cinco mil quituteiras registradas na associação (entre baianas de acarajé e vendedoras de mingau). A luta é por plano de saúde, por uma linha de financiamento específico e também pela garantia de direitos trabalhistas.
Na antiga Fonte Nova, atuavam regulamentadas oito baianas de acarajé, queridas por todos os frequentadores. Uma delas, Marijane Santos, possui carteira da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia há 41 anos. A proibição tem gerado forte repulsa nas redes sociais, entre baianos e turistas.
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