Acessos

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Dona de casa "recicla" mil bonecas por ano e envia para crianças carentes na Bahia


Morando em São Paulo desde a década de 90, a dona de casa Ednalva Pereira da Silva, de 66 anos, decidiu dar a crianças pobres da Bahia o que sempre sonhou em ter quando era pequena: bonecas.

Nascida em Campo Formoso, cidade do norte da Bahia (a 413 km de Salvador), Ednalva chegou a São Paulo depois de três longos dias de viagem para morar numa casa simples de Guaianazes, na zona leste, local onde vive até hoje com o marido e as três netos.


"Eu, que comecei a trabalhar na roça aos nove anos de idade, nunca ganhei uma boneca de verdade. Sempre fazia as minhas com espigas de milho ou banana verde (...) Mas aqui, em São Paulo, percebi que as pessoas costumam jogar muita coisa fora. Uma pena! E com tanta criança sem brinquedo", conta Ednalva Gilvan Marques.

Foi a partir de 1996 que ela decidiu recolher e “reciclar” bonecas que encontrava no lixo, próximo à sua casa, para enviar à Bahia.

“Eu, que comecei a trabalhar na roça aos nove anos de idade, nunca ganhei uma boneca de verdade. Sempre fazia as minhas com espigas de milho ou banana verde (...) Mas aqui, em São Paulo, percebi que as pessoas costumam jogar muita coisa fora. Uma pena! E com tanta criança sem brinquedo...”, conta.

Pelo menos duas vezes por semana, Ednalva, que já ficou conhecida no bairro, sai em busca de material. “Às vezes, os próprios garis deixam na porta da minha casa”, diz.

Os brinquedos recolhidos passam por um longo e minucioso processo: ganham banhos em água fervente para a retirada de detritos e são consertados ou costurados em sua velha máquina manual, comprada de segunda mão numa feira da região.

Após o término, todo o material é estocado em sacos plásticos e enviado às crianças pobres do interior da Bahia. “No ano passado, quando foram enviadas 18 sacolas, paguei R$ 250 do meu próprio bolso”, conta.

As bonecas são entregues a igrejas e a creches de Campo Formoso e Antônio Gonçalves, cidades localizadas na região da Chapada da Diamantina, centro-norte da Bahia.

“Eu sou pedreiro, mas atualmente estou recebendo só auxílio-desemprego. Um salário mínimo. Mas sempre que posso também ajudo. Dou a maior força para o trabalho dela”, afirma João Pereira da Silva, de 62 anos, marido de Ednalva.

A família faz as contas: em 15 anos, já foram cerca de 15 mil bonecas "recicladas", ou, mil por ano. Em média, a dona de casa surge com três novos brinquedos por dia.

Num sorriso tímido, porém de satisfação, ela diz: “Sempre sonhei em ter um quarto só com bonecas. É um trabalho que dá prazer, alegria, e essas crianças terão o que eu não tive na minha infância.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário