segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Teologia da Libertação:40 anos

Por Júlio Lázaro Torma*

"A Teologia da Libertação não só é oportuna como é útil e necessária" ( Papa João Paulo II).

Neste mês de Dezembro, celebramos no continente latino americano, três momentos proféticos na Igreja continental e mundial, que estão interligados, os 500 anos do sermão de Fray Antonio de Montesinos, 480 anos das Aparições da Virgem de Guadalupe e os 40 anos da publicação de "Teologia de la Liberacion, perspectivas", escrito pelo peruano Pe. Gustavo Gutiérrez Merino.

Livro este que marcou a síntese do nascimento da Teologia da Libertação e o compromisso social e de libertação de milhares de cristãos latino americanos.

A Teologia da Libertação, colocou os pobres dentre os mais pobres no centro do trabalho e da ação pastoral e teológico de uma Igreja recém saída do Concílio Vaticano II e da Conferencia do Episcopado Latino Americano em Medellin,e que deveria por em prática muitas de suas resoluções e decretos.

Nestes quarenta anos, a Teologia da Libertação, mesmo sendo perseguida externamente por governos ditatoriais, que governaram o continente entre 1960-1990, e os neoliberais, como pelo grande poder econômico, através da mídia. Bem como internamente dentro da Igreja, através de movimentos eclesiais fundamentalistas e ultracatólicos, aliados de grandes coorporações transnacionais e organismos financeiros mundiais( F.M.I, Banco Mundial, Fórum Econômico Mundial e o Consenso de Washington).

Ela continua atual e viva, no compromisso de milhares de cristãos/as, que lutam por igualdade, dignidade, justiça e pela autentica opção preferencial pelos pobres, onde são capazes de sofrer o martírio, pela radicalidade do compromisso da causa e do projeto de Jesus Cristo.

A Teologia da Libertação é a sistematização concreta e teórica da prática de milhares de cristãos engajados nas comunidades eclesiais de base, pastorais sociais e populares, nas diversas igrejas cristãs, movimentos sociais e organizações populares.

Muito se acusou nestes quarenta anos a teologia da libertação de ser marxista e de usar a teoria marxista, mas se esquecem, que o ato de indignação, é natural no ser humano, onde este pode usar sem usar teorias ideológicas.

A Teologia da Libertação é como escrevia o teólogo Karl Rahner: "A Teologia da Libertação é inteiramente ortodoxa. Está conscientemente de seu significado limitado dentro da globalidade da teologia católica. Além do mais, está consciente e com razão de que a voz dos pobres deve ser ouvida na teologia no contexto da igreja latino-americana."

Ela que nasceu num contexto latino-americano, se faz presente universalmente em todos os continentes na África, Ásia, Oceânica, Europa e América do Norte. Onde procura ajudar a Igreja Universal a se converter em ser aquela Igreja "pobre e servidora", fiel ao seu amado Jesus Cristo. Que fez primeiramente a sua opção preferencial pelos pobres.

A Teologia da Libertação, continua cada vez mais viva e fiel ao seguimento de Jesus pobre e sofredor, apontando caminhos de um caminhar da Igreja com os pobres e excluídos, ao mesmo tempo num mundo globalizado,tenta apontar respostas aos anseios do homem contemporâneo, diante dos apelos e desafios em que estamos vivendo.

Como escrevia Dom Pedro Casaldáliga: "Restam os pobres e Deus.Te parece pouco?". Enquanto houver alguém passando fome, miséria, pobreza e houver Deus que se faz presente em nossa história. A Teologia da libertação seguirá cada vez mais viva, no seguimento de Jesus e buscando um outro mundo e Igreja possíveis e necessário, sem exclusão, onde haja diálogo entre todos os seguidores de Jesus.
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* Membro da Equipe da Pastoral Operária (Arquidiocese de Pelotas / RS)

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