terça-feira, 22 de novembro de 2011

O desastre da Chevron prova: pré-sal, só com a Petrobras

Por: Fernando Brito

Com este escândalo que foi – e ainda está sendo – o vazamento de óleo em um dos poços da Chevron-Texaco no Campo de Frade, ao largo do Rio de Janeiro, trouxe, em toda a mídia brasileira, a discussão sobre a capacidade e o preparo do país para a exploração de petróleo no subsolo marinho.

Embora a discussão seja mais do que legítima, os objetivos com que ela é trazida, neste momento, não o são.

É como discutirmos a segurança nas estradas ao lado de um acidente onde o automóvel que o provocou tinha os pneus carecas e andava a 250 km por hora e ainda tinha tomado uns tragos.

A estrada poderia ser uma autobahn alemã e o desastre teria sido igual. Sobretudo porque a responsável pelo acidente ainda tem muitas explicações a dar sobre as razões de seu “erro de cálculo e, sobretudo, porque ocultou-o o quanto pôde.

Como é que não tem níveis pelo menos razoáveis de segurança um país que explora petróleo no mar há 35 anos, em milhares de poços perfurados no leito marinho e só agora tem o seu primeiro acidente de alguma expressão na plataforma continental?

É só olhar o mapa dos poços marítimos da ANP que está no post e você verá que o exagero com que se aborda a questão é apenas um encobrimento das verdadeiras intenções: bloquear a exploração da riquíssima fronteira econômica representada pelas jazidas do pré-sal e favorecer sua entrega aos poderosos interesses das grandes petroleiras estrangeiras.

É necessário eclipsar que este acidente – e já é confesso por parte da Chevron-Texaco, embora a mídia o minimize – decorreu exclusivamente da negligência de uma destas grandes petroleiras, interessada em gastar o mínimo possível nas perfurações q que – suprema ironia – nem mesmo tinha os sistemas de vigilância e inspeção submarino adequados, ao ponto de tê-los de aceitar emprestados pela Petrobras.

E a Petrobras os tinha porque há 40 anos desenvolve tecnologia e rotinas operacionais para exploração marítima. Primeiro com seu Centro de Pesquisas, depois em programas específicos, a partir de 1986, quando criou o Procap, seu Programa de Capacitação em Águas Profundas, com o objetivo de perfurar em até um quilômetro abaixo da superfície marinha. Depois vieram o Procap-2000 e o 3.000, com a necessidade de perfurar em locais ainda mais profundos. Só este último teve um investimento previsto em US$ 128 milhões,

A petroleira brasileira é reconhecida em todo o mundo como líder em tecnologia de exploração a grandes profundidades. E isso, é claro, tem um custo pesado que, muitas vezes, o investidor estrangeiro não quer suportar.

Aí é fácil dizer que as multinacionais são mais rentáveis, gastando menos para garantir a segurança de suas instalações.

Este episódio mostrou que não apenas não ficamos em nada a dever às gigantes do petróleo em matéria de segurança como, ao contrário, foi uma delas que se mostrou incompetente e criminosamente irresponsável na atividade mais arriscada da exploração, que é a perfuração e completamento de um poço pioneiro.

Além das razões econômicas, a segurança provida pela Petrobras é motivo mais que suficiente para a determinação de que só ela possa operar a perfuração e a operação de poços no pré-sal, muito mais profundos e complicados tecnologicamente que os de águas rasas e de profundidade média.

A resposta sobre se o Brasil está preparado para a exploração de águas ultra profundas é sim, ele está, através da Petrobras, que é uma empresa que deve contas e satisfação perante o Governo e o país.

Mas será não se for através de empresas que ganham montanhas de dinheiro, pagam um multa por poluir e, se quiserem, juntam as tralhas e vão embora, com um rico saldo em petróleo e em dinheiro.

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