A Indígena contou que dividia a cela com presos homens e que seu bebê recém-nascido “dormia na cela”. Ao longo dos mais de nove meses, disse que não recebeu nenhum “atendimento médico, psicológico, social e jurídico” e que a única ajuda vinha de sua mãe, que a visitava uma vez por semana, às sextas-feiras.
Ela afirmou que os policiais diziam que ela não era responsabilidade deles e que “só iriam tirá-la de dentro da cela quando já estivesse morta”. Numa ocasião, relatou a Indígena, o juiz local visitou a cadeia e comentou que “ela não era presa dele e [que] tinha que mandar ela embora de lá”. Ela fazia serviços gerais na delegacia, como limpar os banheiros, capinar o terreno e lavar a louça.
“A indígena Kokama não apenas sofreu violência sexual, mas foi reduzida à condição de escrava sexual por período prolongado. As cicatrizes físicas e psicológicas desse período a acompanharão para sempre. Além disso, a violação de sua dignidade como mulher e mãe e a exposição do seu filho recém-nascido à violência agravam ainda mais o risco.
Segundo o advogado, “a violência praticada por agentes do Estado” piora a situação. “O Estado tem o dever de proteger, não de oprimir e violentar. A negligência e a omissão dos agentes estatais em proteger a autora e seu filho configuram uma falha gravíssima do sistema prisional.”
Este crime ocorrido de 2022 a 2023, ainda está longe de uma solução digna e justa. Em 2024, a justiça ofereceu 50 mil Reais de indenização por danos morais à vítima, e seu tratamento entregue ao SUS.
Ela é apenas uma, entre milhares de mulheres indígenas que sofrem todo tipo de violência. Muitas são mortas e nem sequer o corpo é encontrado. Isto revela a negligência perante as vidas de mulheres indígenas. Somos tratadas muita vezes piores que “animais de rua”. O caso da indígena Kokama, segue sem justiça e sem punição para seus agressores: sargentos, policiais e até guarda do cárcere.
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