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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A caravana da família Lins - Fred Passos*

A família Lins novamente está metida em encrencas que envolvem dinheiro público. Pensei que eles nunca mais se envolveriam em escândalos dessa monta, mas o vício mexe com nossas entranhas, com nossa personalidade. Ainda mais se você sofre de cleptomania patológica.
 
Dessa vez, o Ministério Público Estadual, um órgão que tarda, mas não falha, moveu uma ação de improbidade administrativa contra o ex-presidente da Assembléia Legislativa (ALE), o deputado estadual Berlamino Lins, do PMDB. Na ação, o MP pede a indisponibilidade dos bens do deputado, além do bloqueio de suas contas, a perda da função pública e a suspensão de seus direitos políticos pelo prazo de oito anos.
 
Segundo o MP, o deputado obteve vantagem indevida ao patrocinar, com dinheiro da ALE, passagens aéreas que garantiram as férias de seus parentes no Nordeste, especialmente em Fortaleza, onde a família possui imóveis. O MP classificou a ação de Berlamino de “típica excursão turística e familiar”. Ainda, segundo o MP, só no ano de 2006, Belão, como é conhecido, concedeu aproximadamente R$ 200 mil em passagens aéreas aos seus familiares. Agora, o MP pede a devolução dos recursos, além de ter solicitado de Belão informações sobre a sua cota de transporte no período de 2003 a 2012. O MP acredita que a soma dos gastos com a família de Belão poderá ultrapassar a casa de R$ 1 milhão. Procurado para responder as acusações, Belão foi enfático ao dizer que “aquele que não fez, que atire a primeira pedra à frente do deputado Berlamino, porque isto era uma regra costumeira nos parlamentos brasileiros, porque não havia proibição”.
 
O que achei interessante nisso tudo foi o amor que Belão dedicou a sua família. Até a sogra dele, que não é afim, a senhora Glaúcia Monteiro, foi beneficiada com passagens para Fortaleza. Este era o genro que toda sogra desejaria para a filha!
 
Outro fato que mereceu destaque foi o destino da maioria das passagens: a cidade de Fortaleza. Segundo dizem, em Fortaleza tem mais amazonense na praia do que vendedores de coco. Acredito que Belão queria cultivar os vínculos com os eleitores de Manaus que estavam de férias naquela cidade. Assim, poderia fazer campanha sem a aporrinhação do TRE/AM.
 
Sinceramente, acho que o MP está sendo muito radical em suas acusações. Bloquear as contas de Belão, fazê-lo perder o cargo de deputado e querer puni-lo com a suspensão de seus direitos políticos é demais! Seria como enfiar uma estaca no coração da família Lins. Como pode o MP querer punir um dos membros dessa família, que se encontra encastelada em todos os poderes do Estado? Estou pagando pra ver!
 
O povo é sábio quando exclama que a Justiça tarda, mas não falha. Entretanto, no caso dos Lins, ela sempre tarda e sempre falha! Afinal, os Lins são os legítimos representantes do Estado patrimonialista, ainda presente na estrutura de diversos órgãos do Estado, seja no Executivo, no Legislativo ou no Judiciário. Espero que a Justiça não cometa a arbitrariedade de condenar um dos membros dessa família que muito contribuiu para gastar o dinheiro de nossos impostos com assuntos de interesse familiar!
 
A propósito, a ação movida pelo MP tramita na 4.ª Vara da Fazenda Pública Estadual, sob o n. 0602592-26.2013.8.04.0010.
 
Ficarei no aguardo do desfecho desse novo imbróglio da família Lins.
 
* Frederico A. Passos (e-mail: fred_passos@yahoo.com.br)

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