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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Lula e o tratamento no SUS: o ser humano mostra seu lado vil

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula.

Acompanhado de Marisa Letícia, Lula chega ao Hospital Sírio-Libanês para começar o tratamento e conversa com os médicos Julio Cesar Mariño, Raul Cutait e Roberto Kalil Filho.

No último sábado recebemos com tristeza a notícia que o ex-presidente Lula foi diagnosticado com câncer na laringe. Ele foi atendido no mesmo dia e hoje (31/10) teve início a quimioterapia.

Essa notícia, apenas por seu conteúdo, nos deixa tristes e apreensivos, mas nada se compara ao sentimento de asco que certas respostas à ela causaram. Em todos os sites de notícias foram postados comentários de ódio, apoiados ou não em anonimato. A coisa foi tão cruel que sites respeitáveis tiveram que deletar muitos comentários.

Acredito que muitas pessoas com a ideologia contrária à de Lula se colocaram solidários com a situação, assim comona morte do ex-presidente Itamar Franco, quando nos colocamos aqui neste blog a homenageá-lo. As tragédias pessoais dos políticos não são arma de ataque, a política conduzida dessa forma é apenas mesquinha e nada contribui para a democracia.

Um dos piores comentários que vimos na rede foi o vídeo “Lula, por que não trata seu câncer no SUS??” do canal DanielFragaBR.

Em um trecho ouvimos o vlogueiro dizer: “Eu, pelo contrário, desejo o mal. Desejo que ele continue fumando suas cigarrilhas, seus charutos cubanos, que esse câncer volte com força total e ele morra!”, entre outros absurdos.

Existe um desejo compartilhado nas redes sociais que “sugere” Lula a levar o seu tratamento de câncer para o SUS, como forma de “castigo”, uma penalização pelos oito anos de governo (como se fossem anos ruins) e é um dos pedidos desse “Dâniel”, com acento mesmo, nesse vídeo. Então vamos aos fatos:

Ontem mesmo o ministro Alexandre Padilha se pronunciou pelo seu twitter que “ em relação ao Câncer, 80% do tratamento feito no país é pelo SUS”, além de termos em SP: Instituto do Câncer é pioneiro em radiocirurgia pelo SUS (matéria publicada pelo portal do Terra).

O ministro Padilha ainda deixou claro no seu twitter que “Os médicos q tratam o PR Lula, tbem tratam no SUS:HC e ICESP. O mesmo tratamento é dado no INCA/MS.” O Inca, em 2010, revelou-se excelência em atendimento, comuma pesquisa feita pelo Ibope revelou que o INCA, Instituto Nacional do Câncer, é a referência para tratamento do câncer por 98 por cento da populaçãobrasileira.

A questão é mesmo o tratamento de câncer dado pelo SUS?

Outro ponto é quando o sr. Fraga diz que o Lula sempre prestou um desserviço ao defender a saúde pública, comparando o discurso do Lula sobre a ausência do SUS nos Estados Unidos da América. Para esclarecer sobre a saúde nos EUA, gostaria de sugerir assistir o vídeo do documentarista Michael Moore SICKO - $O$ SAÚDE,no qual ele descreve como funciona a saúde pública naquele país. O atendimento veiculado aos planos de saúde privados impossibilita o acesso dos mais pobres à qualquer tipo de tratamento.

Esse sistema é retratado em séries americanas, como A Gifted Man, e na novela brasileira América, de 2005.

Além do atendimento de saúde nos EUA não ser nada que deva-se orgulhar, tivemos muitas provas durante a crise financeira mundial, que as políticas realizadas pelo governo Lula foram preventivas e mantiveram a economia do nosso país girando e se desenvolvendo.

Tivemos, somente na saúde, o lançamento de programas como Farmácia PopularBrasil Sorridente, a ampliação do programa Saúde da Família, no total foram investidos 132,4% de 2002 a 2010.

Mas todos esses dados, toda essa argumentação não justifica a mais vil das opiniões demonstradas no vídeo, a de querer o mal e sugerir que “querer o bem” seja uma exclusividade de religiosos.

Quanto a isso eu posso dizer apenas que a solidariedade é muito mais que uma questão de fé, uma questão de humanidade. Respeito, solidariedade e compaixão podem ser dadas por todos, opositores ou apoiadores de forma igual.

Leia a coluna do Gilberto Dimenstein, ou veja alguns twittes abaixo.

Chamar de hipócrita o homem que mesmo depois de ter perdido um filho e uma esposa na saúde pública e ainda sim a defendeu até o final, é algo no mínimo perverso.

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