Homenagem ao IFAM
Por: Maria Stela de Vasconcelos Nunes de Mello1
Em 23 de setembro de 1909, um Ministro sonhador, no exercício da Presidência da República deste País, criou em cada capital do estado, conforme configuração geográfica daquela época, uma Escola de Aprendizes Artífices, totalizando 19 escolas, conforme Decreto n° 7.566.
Para Fonseca (2002), esse Decreto estabelecia como meta uma formação profissional para a “dignificação da pobreza” dentro de uma Instituição que ministrasse o ensino, de modo prático, com os conhecimentos necessários, em até cinco oficinas manuais ou mecânicas, aos menores que pretendessem aprender um ofício. Determinando-se, assim, que seriam admitidos “prioritariamente” menores “desfavorecidos da fortuna”, com idades entre 10 e 13 anos, tendo sua condição de pobreza atestada por pessoas idôneas.
Como nunca foi fácil a vida dessas escolas desde o início da criação, pois passaram por grandes dificuldades, com falta de prédio para funcionar, de professores, de transporte, de alunos e de infraestrutura física, todos que faziam parte da comunidade se esforçaram e lutaram para que essa semente germinasse e desse lugar hoje ao IFAM.
Dada essas dificuldades, somente em 1° de outubro de 1910, foi instalada em Manaus a Escola de Aprendizes Artífices do Amazonas. Para a época, foi um grande feito, apesar do pouco interesse do governo do estado em ter uma escola, pertencente à esfera federal em seus domínios.
A partir daí foram muitos os desafios e conquistas, a começar pelas várias denominações que recebeu e as transformações institucionais que passou, a saber: Escola de Aprendizes Artífices do Amazonas (1910); Lyceu Industrial de Manaus (1937); Escola Técnica Federal de Manaus (1959); Escola Técnica Federal do Amazonas (1965), Centro Federal de Educação Tecnológica do Amazonas (2001) e finalmente, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (2008).
Além das transformações institucionais, em 1987, pelo Programa de Expansão da Educação Profissional foi criada a Unidade de Ensino Descentralizada de Manaus, hoje, campus Manaus Distrito Industrial.
Em 2005, pela Lei n° 11.195, instituiu que a expansão da oferta da educação profissional preferencialmente ocorreria em parceria com Estados, Municípios e Distrito Federal, setor produtivo ou organizações não governamentais. Na ocasião, houve o lançamento da primeira fase do Plano de Expansão da Rede Federal, com a construção de 60 novas unidades de ensino pelo governo federal. Nesse pacote, foram criadas a Unidade de Ensino Descentralizada de Coari, atual campus Coari e os campi de Presidente Figueiredo, Maués, Lábrea, Parintins e Tabatinga.
Em 2008, com a criação dos Institutos federais, o IFAM foi estruturado mediante a integração do Centro Federal de Educação Tecnológica do Amazonas, Escola Agrotécnica Federal de Manaus e Escola Agrotécnica Federal de São Gabriel da Cachoeira, sendo composto por dez campi: Manaus Centro, Manaus Distrito Industrial, Manaus Zona Leste, Coari, São Gabriel da Cachoeira, Presidente Figueiredo, Maués, Parintins, Lábrea e Tabatinga.
No último dia 23 de setembro a instituição completou 102 anos de criação e no dia 1° de outubro completou 101 anos de instalação. Para muitos, talvez possa parecer saudosismo, mas, historicamente, a comemoração do aniversário da instituição sempre foi marcada por festividades, reconhecimento público aos servidores docentes e técnico-administrativos (ativos e inativos), ex-alunos que sempre se destacaram nos esportes, na cultura do Estado e nacionalmente e dos alunos com bom desempenho escolar, além de homenagear e agradecer as instituições parceiras. Também sempre foi um momento para divulgar as atividades desenvolvidas pela escola para a sociedade.
Apesar das dificuldades e desafios seu aniversário jamais foi esquecido. Mesmo considerando os novos tempos, a nova configuração institucional, as novas exigências, nada justifica tamanha insensibilidade com as tradições, as crenças, os valores e a cultura institucional.
Estamos perdendo uma grande oportunidade para mobilizar a comunidade para discutir e construir coletivamente a identidade do nosso Instituto Federal, além de congregar os servidores recém ingressados na instituição. O IFAM, prestes a completar três anos em dezembro de 2011, ainda vive como a escola do “ontem”, do que “já teve”, dos louros e das glórias conquistadas no passado, pois, no momento, a comunidade ainda não sabe o que realmente somos.
Nunca é tarde para se pedir desculpas e reconhecer os erros. Nunca é tarde para se resgatar as crenças, as tradições e a cultura de uma comunidade. Por isso, neste dia 1° de outubro pedimos para que a comunidade faça uma reflexão sobre o que somos e o que queremos ser no futuro a fim de que as próximas gerações possam ter um legado como tivemos quando aqui entramos, quando a valorização do servidor estava relacionada à valorização institucional.
A data de 1° de outubro de 1910 não pode e nem deve ser esquecida. Em qualquer tempo, em qualquer ocasião, sempre haverá uma voz, mesmo que solitária, a divulgar as conquistas, as glórias e o reconhecimento daqueles que ajudaram a construir essa Centenária instituição de ensino.
O conhecimento histórico da instituição deve-se aos servidores dedicados que se preocuparam em deixar para as gerações futuras os registros da instituição. Atualmente, com dez campi é a construção de uma nova história a ser registrada.
Parabéns IFAM!
1 Professora do Quadro Permanente da Instituição desde o ano de 1980. Autora do Livro “De Escola de Aprendizes Artífices a Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas”.
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