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domingo, 9 de outubro de 2011

CRISE DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA


Vivemos hoje uma verdadeira crise da sociedade contemporânea, ocasionada intencionalmente pelas propostas neoliberais, cuja estrutura montada tem afetado estrutural e economicamente de forma drástica os países capitalistas e a sociedade mundial.

Analisando os fundamentos da atual crise, podemos concluir que esta não é fruto deste ou daquele sistema propriamente, mas sim, é uma crise que tem como base o capital ou a financeirização da economia, que está sempre em busca de novos caminhos que leve a maior acumulação, procurando perpetuar-se e dominar os demais setores econômicos, além de buscarem ditar o rumo da humanidade impondo e reproduzindo a exploração, o autoritarismo, a pobreza e a miséria, pois esta é a lógica neoliberal, de acumulação de capital, mesmo que para isto a miséria e a fome se perpetue entre a maioria.

É a chamada barbárie do capitalismo contemporâneo que a oligarquia financeira mundial resolveu denominar de neoliberalismo.

É este modelo neoliberal o maior responsável pelas mudanças ocorridas dentro desta nova sociedade, com a pregação quase como um fanatismo religioso moderno, estabelecendo dogmas e crenças nas virtudes do mercado, que só ele como um passe de mágica seria capaz de encontrar os caminhos para as soluções dos problemas dos mercados.

Bem diferente do dia a dia que assistimos, quando vemos o quanto o livre mercado é impotente para dar a resposta para os problemas, exigindo sempre a intervenção estatal para que os caminhos sejam encontrados. E quando o Estado entra em ação na busca da solução, está disponibilizando meios e recursos oriundos da maioria da população, principalmente retirando recursos que deveriam está a serviço dos mais necessitados.

Neste momento ninguém é mais socialista que os neoliberais, pois para resolver os seus problemas, defendem a socialização dos prejuízos.

Mas não devemos esquecer que a sociedade também tem sua margem de culpa, pois passada a crise esta se acomoda, em lugar de procurarem se organizar para passar a exigir a participação dos resultados positivos após as soluções encontradas, que em sua grande maioria é conseguida através de recursos públicos. Muito pelo contrário, se acomodam e começam a surfar nas ondas dos dias melhores neoliberais. E que são poucos.

Esse processo não atinge àqueles considerados como os mais pobres, mas sim é uma letargia que se abate sobre todos nós, que nos deixamos enganar pelos belos discursos e mentirosos que busca confundir a sociedade com pseudas teses e pressupostos teóricos e das vantagens de que só o neoliberalismo seria capaz de oferecer.

As crises econômicas não devem ser entendidas como parcial e ou localizada, mas, como crises, cujos efeitos são globais, universais e intermitentes e que direta ou indiretamente atinge a todos.

A sociedade não pode e nem deve continuar a aceitar os pressupostos de que as crises são parciais e passageiras e que passado os seus efeitos não deixarão sequelas, pois se assim o for, estaremos admitindo a incapacidade da racionalidade do ser humano, chegando próximos à irracionalidade. E é neste ponto que se pega os neoliberais, utilizando-se de argumentos irracionais, ao propagarem que a crise ocorre sempre de forma localizada sem se dar conta da sua totalidade e que a solução é a implementação dos fundamentos neoliberais, pois só estes possuem os instrumentos capazes de acabar com a crise do mundo contemporâneo, através do estabelecimento do processo de privatização, de forma que o maná que brotará do paraíso da livre concorrência flua através de um novo ciclo de acumulação de “capital”.

Apenas esquecem eles que ao brotar o maná, neste momento de dividirem os dividendos com a classe mais pobre da sociedade, não conseguem socializar a bonança, apenas os prejuízos.

Infelizmente ninguém ou uma pequeníssima minoria tem a coragem de demonstrar o caminho obscuro que a ideologia neoliberal percorre, e que atrás da máscara do livre comércio, serve apenas para ocultar a apologia da livre concorrência e da privatização. Acusa o Estado, este mesmo Estado que eles recorrem quando sapato aperta para se socorrerem, como elemento principal da crise ao acusarem o papel que o Estado desempenha e na sua interferência no mercado, lutando e exigindo a sua limitação e regulamentação. Enfim, exigindo o Estado mínimo, ou seja, que o Estado apenas se faça presente naquelas ações que a iniciativa privada não tenha interesse por não gerarem lucros, apenas custos.

Com a crítica dos neoliberais ao papel do Estado por sua ineficiência e para obstaculizar a livre iniciativa, os seus ideólogos criticam o socialismo como movimento econômico e social, negando as suas vantagens a nível que tomam rumos que apontam para um irracionalismo que não deveria ser mais admitidos nos dias atuais.

E os neoliberais por não querer assumir a responsabilidade das crises por eles criadas procuram passar para o Estado o ônus da culpa e cobrando dele a sua intervenção em busca da solução, dando assim mais argumentos e espaços aos neoliberais para impor suas ideologias e fornecer os subsídios que os façam organizar um novo ciclo de acumulação de capital garantindo-lhes a exclusividade como os grandes ideólogos das soluções que a sociedade requer.

E foi neste bojo que surgiu o processo de globalização, que busca planificar e moldar a economia a movimentos globais de subordinação aos países mais ricos liderados pelos EUA, através da integração da economia como um todo, sem observar as suas especificidades,aumentando o poder de troca e fazendo a economia mundial gravitar aos interesses da acumulação monopolista e oportunista, das economias mais ricas.

É assim, que o modelo econômico da globalização se apresenta, como um projeto neoliberal, que ultrapassa os interesses e as questões meramente econômicas dividindo o mundo por produtores de matéria prima e alimentos cabendo a estes o papel de simples consumidores de produtos industrializados. E produtores de mercadorias industrializadas, que serão consumidores de matéria prima e alimentos. Esta é a lógica da globalização, que os estudiosos e pesquisadores não querem enxergar e se enxergaram não estão tendo a coragem de denunciar, ficando assim a serviço dos interesses dos neoliberais

Essa relação de desigualdade ocorre em razão dos preços praticados onde é gritante a diferença e o fosso existente entre produtos industrializados e primários, sendo os produtores destes últimos os maiores perdedores, diante da margem de diferença imposta pelos países industrializados.

Portanto, o instrumento ideológico e de sustentação da economia global é o neoliberalismo onde o capital compra os recursos, domina a infra-estrutura industrial, explora a mão de obra barata e despolitizada, e aproveitam do momento exato realizar uma pilhagem do Estado, utilizando-se da lógica, que somente o setor privado é competente para produzir, distribuir e comercializar seu trabalho e capaz de gerar o bem estar social, sem a interferência ou qualquer ônus ao Estado. Esta tem sido uma ideologia, que na prática não tem trazido bons frutos, muito pelo contrário, o que se tem assistido é o fosso que separa os ricos dos pobres cada dia que passa se alargar mais.

Hoje, diante das diversas crises que ciclicamente o mundo tem atravessado, podemos reafirmar com total convicção que o neoliberalismo não é e nunca foi solução para as crises, mas sim que tem sido mais um dos seus fatores para o seu próprio aprofundamento.

Seria ingenuidade de cada um de nós acreditar no desaparecimento da luta entre os interesses econômicos e ideológicos dos Estados Unidos e demais países concorrentes, bem como, seria ingenuidade maior pensar que a América Latina teria alguma chance em ser beneficiada com a entrada de capital dos grandes conglomerados econômicos, sem buscar entender que por detrás destas intenções econômicas não estarão a intenção concreta de ampliar a exploração dos países mais pobres além de buscarem ter o controle da ampliação da sociedade democrática, não permitindo-as que possam livremente se planificarem se planejarem.

Com isto buscam impor a sua ideologia e criam democracias de punho forte e obedientes ao canto neoliberal, para que o processo de continuísmo se perpetue. Diante disto surge a necessidade de se manter uma relação onde haja um controle confiável a nível econômico, de forma que possa manter a população submissa ao irracionalismo determinado pela política neoliberal, destruindo a negação da vida do outro, o que torna ainda mais irracional esta nossa civilização.

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