Amazonino Mendes, o Frutuoso!

Por: Frederico Passos
Realizamos uma entrevista fictícia com o prefeito e imperador de Manaus, Amazonino Mendes, o Frutuoso, que está em volta com um imbróglio maior que a sua rejeição na cidade: o aumento da tarifa do transporte coletivo. Para entrevistá-lo, enviamos nosso especialista em administração pública, o sociólogo árabe Said Min Kaaralho. Segue a entrevista:

SMK – Prefeito, o senhor já esteve envolvido em diversas polêmicas no seu governo. O seu governo é polêmico? O senhor gosta de polêmica?

AM – Olha, meu filho, quem fala que meu governo é polêmico são meus opositores, não o meu povo. O meu povo tá aí feliz da vida. Por onde ando vejo o sorriso estampado no rosto do meu povo. Quando jogo dominó, na zona Leste, fico cercado de gente que pega na minha mão, no meu corpo, todos querendo um pedaço do Amazonino (risos).

SMK – Mas o senhor já comprou briga com um monte de gente: estudantes, feirantes e agora os usuários do transporte coletivo.

AM – Infelizmente, nós, administradores públicos, temos de tomar medidas que são consideradas, por muitos, impopulares. Mas isso é conjuntural. Meu governo é estratégico, dá com uma mão e tira com a outra. Eu sempre peso a popularidade ou a impopularidade de uma medida. Veja o caso dos passes estudantis, já passou a raiva dos estudantes. Aquilo foi momentâneo, coisa de rebeldia de menino. É bom protestar nessa idade! É como se você estivesse vendo um clássico do futebol brasileiro: a adrenalina sobe. Muitos já até me agradeceram por terem participado daqueles protestos, que não deu em nada.

SMK – Mas, no caso da feira, o senhor recuou?

AM – Meus opositores disseram que eu queria privatizar as feiras. Que absurdo! Queria, sim, entregar o gerenciamento para a iniciativa privada. Isso não é crime. Aí, o gerente dava o jeito de alugar os boxes para quem bem entendesse. Dessa forma, a Prefeitura não teria nenhum compromisso de reformar e administrar as feiras. Isso é diminuir custos, meu caro. Isso funciona muito bem em Mônaco. Você conhece as feiras de Mônaco?

SMK – Mônaco? Mas em Mônaco existem feiras?

AM – Um amigo disse que sim.

SMK – E esse aumento da tarifa de transporte coletivo, não é uma medida impopular?

AM – Olha meu garoto, é um aumentinho tão pequeninho, coisa de 20%, que nem vai afetar o bolso das pessoas. O pobre, meu irmão, é bom pagador. Reclama, mas paga. Protesta, mas paga. Se irrita, mas paga. Depois, isso tudo passa. Memória de gente pobre só é boa para cobrar dívida de vizinho. Pro resto, não serve pra nada!

SMK – Mas no caso dos alternativos, o aumento foi de mais de 80%. Isso não é um assalto ao bolso do usuário do transporte coletivo?

AM - Meu filho, vejo que você não é daqui da cidade. O alternativo, ou transporte executivo, foi concebido para a classe média. Não era para o pedreiro, para o comerciário, para o picolezeiro, para os idosos, para os estudantes etc. Eram essas pessoas que lotavam os alternativos. O que eu tô fazendo? Tô tentando retirar essas pessoas do alternativo. Como? Aumentando, exorbitantemente, o valor da passagem. Assim, só andará de alternativo a classe média. Os ônibus estarão vazios, com ar-condicionado no máximo, uma boa música e um silêncio que vai até dar sono. Eles estarão pagando pelo conforto de uma viagem de avião, mas pelo preço de uma passagem de ônibus, entendeu?

SMK - Prefeito, o senhor acha que será reeleito?

AM - Não tenho dúvidas disso. Meu grande marqueteiro já disse: deixa o pênalti comigo. Se ele elegeu o Collor, imagina o Amazonino!

SMK – E o senhor já tem dinheiro para campanha?

AM – Olha, eu sou favorável ao financiamento público das campanhas eleitorais. Veja só o que deveria ser feito com esses aumentos das tarifas de ônibus. É, inclusive, uma dica para os deputados e senadores. Se você aumenta a tarifa em 20%, por exemplo, os empresários deixariam 5% ou 10% para o administrador, como contribuição para a campanha. Se o aumento foi de 80%, eles deixariam 20% ou 30% para a campanha. Seria o Fundo da Reeleição – FR – que beneficiaria apenas os atuais mandatários do Executivo municipal e estadual. Sei que muita gente vai achar isso inescrupuloso, mas pelo menos será público, e não escondido, como ocorre nos dias de hoje.

SMK – Prefeito, diga algo aos seus eleitores para encerrarmos esta entrevista.

AM – Que tenham paciência, pois dias melhores virão. Estou certo disso. Obrigado.

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