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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Lei Federal incluiu líderes baianos no Livro dos Heróis Nacionais


Fonte: Jornal do Brasil

Em 12 de agosto de 1798, a cidade de Salvador foi cenário da maior revolta política social da história, conhecida como Revolta dos Búzios. Como resultado, os soldados Lucas Dantas de Amorim Torres e Luís Gonzaga das Virgens e Veiga e os alfaiates Manoel Faustino Santos Lira e João de Deus do Nascimento foram enforcados e esquartejados como revoltosos.

Agora, mais de 200 anos depois, os quatro líderes são homenageados e aclamados como Heróis Negros da nação brasileira. Por conta desta homenagem, o Governo do Estado, através da Fundação Pedro Calmon/SecultBA e da Secretaria de Promoção da Igualdade (Sepromi), em parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da Republica (Seppir), realiza na próxima sexta-feira (12) uma programação especial.

Logo pela manhã, no Palácio Rio Branco, Praça Municipal, as homenagens começam com a abertura da exposição interativa Revolta dos Búzios, Heróis Negros do Brasil, que apresentará, para visitação até domingo (14), documentos textuais, manuscritos e livros raros sobre a temática. Apresenta também, biografias dos heróis e réplicas dos “boletins sediciosos” afixados nas ruas de Salvador pelos líderes do movimento. Na ocasião, será lançada uma cartilha com textos e documentos históricos sobre a revolta, além de selo e carimbo comemorativos aos ’Heróis Negros do Brasil’, em parceria com a Empresa de Correios e Telégrafos (ECT).

Caminhada
Saindo do local onde os heróis foram enforcados, Praça da Piedade, até o Palácio Rio Branco, às 15h, uma caminhada será animada por grupos culturais, a exemplo dos jovens da Escola Criativa do Olodum, e pela banda Tambores da Raça, comandada pelo cantor e compositor Adailton Poesia: “Fico feliz que o Brasil tenha reconhecido o significado desse herois exaltados há bastante tempo nas letras e canções dos blocos afro por terem lutado pela igualdade, liberdade e fraternidade”, exclama o artista.

Finalizando o dia de atividades, a conferência Revolta dos Búzios: Heróis Negros do Brasil, com Ubiratan Castro de Araújo, diretor geral da Fundação Pedro Calmon/SecultBA, Patrícia Valim, doutoranda em História pela Universidade de São Paulo (USP), e João Jorge Rodrigues, mestre em direito e presidente do Grupo Cultural Olodum, traz ao debate a importância de celebrar a memória dos líderes negros. “Este é um momento importante, pois celebra o reconhecimento de um processo que foi construído ao longo dos muitos anos, pelas historias e versos cantados pelos blocos afro”, afirma a Ministra da Seppir, Luiza Bairros. Ela ainda complementa que “com a inscrição dos líderes de Búzios no livro dos heróis nacionais acontece o encontro da historia oficial com a historia sempre contada e lembrada pela cultura popular”.

Precursores
O historiador Ubiratan Castro de Araújo também destaca o papel dos precursores baianos na luta pela liberdade. “Os quatro mártires negros da Revolta dos Búzios representam os milhares de homens e mulheres pobres e escravizados que lutaram pela liberdade da Bahia. Mesmo condenados e enforcados na Praça da Piedade, em 8 de novembro de 1799, seus ideais continuaram vivos e ressurgiram em 1822-1823, nas lutas pela independência do Brasil”, ressalta.

Contextualização
A Revolta dos Búzios, também conhecida como Revolta dos Alfaiates ou Conjuração Baiana, ocorreu em agosto de 1798 reunindo a população negra que sonhava e lutava pela implantação de uma República democrática e pelo fim da escravidão. Em 04 de março de 2011, a presidente Dilma Roussef reconheceu a importância dos líderes deste movimento, lhes considerando heróis para o Estado Brasileiro, a partir do projeto de Lei do deputado federal Luiz Alberto. Por meio da Lei 12.391, os quatro líderes da Revolta dos Búzios foram incluídos no Livro dos Heróis Nacionais, conhecido como o Livro de Aço do Brasil.

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