O homem da faixa dos quarenta e tal - Frederico Passos

Os homens crescem e não imaginam que um dia irão se deparar com uma idade tão cruel, a dos quarenta anos. É nela que se inicia a mudança da cor dos cabelos e, em alguns, a falta destes começa a assombrar. A barriga ganha novos contornos, o corpo, mais gordura. Dizem que é a idade da maturidade ou da crise.

É nessa idade que o homem começa a perceber que não pode mais se alimentar com qualquer coisa: picanha, calabresa, feijão com mocotó, carne suína. E até ovo frito vira lembrança de um passado longínquo. Isso depois de algumas idas ao médico e de lhe ser apresentada uma tabela com quadros devastadores de sua saúde física. Algumas palavras, até então desconhecidas, passam a fazer parte do seu vocabulário. Palavras que, se não cuidadas, podem causar-lhe prejuízos irreparáveis, como as palavras glicose, triglicerídeo, colesterol etc. 

É também nessa idade que o homem começa a sentir-se como um carro usado. Não sai da oficina. E quando não encontra um bom mecânico, digo, um bom médico, começa a ficar todo engatilhado. Por vezes, recorre a curandeiras, mães de santo e benzendeiras para curar a enfermidade ainda não diagnosticada pelo médico.

Mas o pior de tudo ocorre quando ele é obrigado a fazer o tão temido “exame do toque”. Isso causa constrangimento na maioria dos homens. Muitos temem o tal exame. Não o exame em si, mas a forma como ele é realizado. Já tomei conhecimento de fugas de alguns homens dos consultórios dos urologistas minutos antes da consulta. Ou de homens que perguntam da atendente o tamanho do dedo do médico. Outros, sobre a posição que você deve ficar para o exame, se de bruços, se de lado, se agachado ou de pé. E outros, ainda, olham para o médico logo na entrada, procurando encontrar no rosto deste algum traço de psicopatia. Temem estar diante de um “tarado”.

Enfim, caros leitores e únicos amigos, completar quarenta anos é como comprar uma casa em reforma. Se não cuidar, ela pode cair. Ainda bem que só tenho vinte e nove anos. Ainda faltam onze. Mas, desde já, prometi a mim mesmo que deixaria algumas coisas de lado. Até agora só consegui deixar de comer salada de cebola com alho. Urgh!

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