Ricardo Oliveira Silva já ganhou quatro medalhas de ouro e duas de prata / Crédito: MCTI
Competição é realizada entre alunos do sexto ao nono ano e das três séries do ensino médio
Mesmo sem ter aprendido a ler, escrever e estudar até os 16 anos, devido a uma atrofia espinhal, o cearense Ricardo Oliveira Silva, 23 anos, agora é um dos 500 medalhistas de ouro da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) 2011. O filho de agricultores, que usa cadeira de rodas e foi levado num carrinho de mão pelo pai para fazer a primeira prova, exibe com orgulho quatro medalhas de ouro e duas de prata. . “Sempre fui curioso, como um cientista. A matemática é o alicerce de toda ciência, por causa disso tive mais facilidade”, afirmou Ricardo, que hoje está finalizando o ensino médio e ainda não decidiu que profissão seguir.
A competição é realizada desde 2005 pelos ministérios da Educação (MEC) e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), entre alunos do sexto ao nono ano do ensino fundamental e das três séries do ensino médio. O objetivo é incentivar o estudo da matemática e revelar talentos como o de Ricardo nas escolas públicas.
Esse também é o caso da estudante Marli dos Reis Cantarino, 18, medalhista em todas as edições. Foram cinco ouros e duas pratas. “Participar da olimpíada me incentivou a estudar mais, a gostar mais de matemática”, afirma a jovem, que hoje cursa engenharia química em uma faculdade particular, por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni) . A irmã gêmea de Marli, Marisa dos Reis Cantarino, também foi medalhista de ouro na última edição da olimpíada.
Outro estudante que recebeu a quinta medalha de ouro foi o jovem pernambucano João Lucas Gambarra, de 17 anos. “Ser medalhista ajudou a escolher minha carreira”, diz o aluno de engenharia mecânica na Universidade Federal da Paraíba. João também já ganhou uma prata e um bronze em edições anteriores.
Bolsa de estudos - Medalhista na Olimpíada de Matemática das Escolas Públicas em 2005 e 2006, a estudante Tábata Cláudia Amaral de Pontes, de 18 anos, conquistou uma vaga para estudar em Harvard e em outras cinco universidades americanas no primeiro semestre deste ano. Com uma prata e um ouro na bagagem, ela ganhou uma bolsa de estudos em um colégio particular e continuou a vencer competições do gênero no Brasil e no exterior.
Os 3,2 mil estudantes melhor classificados na olimpíada passada puderam participar de um programa de iniciação científica júnior com bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). De acordo com o diretor do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), Cesar Camacho, a meta é expandir este número para chegar a 10 mil bolsas em 2016. A quantidade de bolsas será ampliada já neste ano para os 4,5 mil melhores classificados de 2012.
Evento mobiliza 19 milhões de alunos
A Olimpíada Brasileira de Matemática mobiliza cerca de 19 milhões de estudantes de 46 mil escolas e é promovida pelos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Educação, e realizada pelo Impa, que integra o sistema do MCTI, com o apoio da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM). A iniciativa começou em 2005, com a participação de 10 milhões de estudantes de 30 mil escolas.
“Essa olimpíada está conseguindo mudar o destino de milhares de crianças”, disse o coordenador geral da Obmep, Claudio Landim. O apoio ocorre por meio do curso de iniciação científica, com a participação dos melhores professores do país e a utilização de material didático qualificado e da bolsa também oferecida aos alunos medalhistas pelo CNPq.
O diretor do Impa, César Camacho, diz que a meta de ampliação da Obmep, que atende hoje até 3,2 mil medalhistas com programas de iniciação científica, é apoiar 10 mil estudantes em 2012, sendo 4,5 mil no próximo ano. A justificativa seria o desempenho dos estudantes nas provas. “Se a Obmep já é a maior olimpíada do mundo ela será também o maior programa de inclusão social pelo mérito”.
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