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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Organização feminista denuncia inoperância da Delegacia da Mulher

Segundo direção do movimento, audiências têm demorado até dois meses para acontecer, expondo vítimas à ação de agressores.

O movimento social feminista Marcha Mundial das Mulheres (MMM) no Amazonas afirmou, na última segunda-feira, 31, que a Delegacia da Mulher em Manaus é inoperante porque as audiências demoram de um a dois meses para acontecer.

De acordo com a coordenadora estadual do MMM, Francy Guedes, a demora coloca em risco a vida das vítimas. “Muitos casos de violência contra a mulher exigem rapidez e eficiência. Portanto, não podemos ficar esperando dois meses para que haja uma solução. Na verdade, queremos que acabe a violência”, ressaltou.

A delegada plantonista da Delegacia da Mulher, Rita Tenório, discorda. “Uma vez que a vítima nos procura, ela é ouvida, solicitamos ao juiz as medidas protetivas de urgência e no mesmo dia pedimos o afastamento do agressor”, afirmou.

O delegado-geral de Polícia Civil, Mário César Nunes, disse que a demanda é muito grande e que as mulheres podem também fazer as denúncias nas delegacias distritais.

Devido à demora, diz Francy, muitas mulheres acreditam que a lei Maria da Penha (11340/2006) não funciona. E os programas de televisão e as novelas que “exploram” uma imagem negativa da mulher, criam barreiras à liberdade da mesma.

A coordenadora recordou que a estrutura que existe como o Disk Mulher, o Serviço de Atendimento e Proteção Emergencial à Mulher (Sapem) e a casa-abrigo, não são suficientes e foram conseguidas por meio de reivindicações dos movimentos feministas.

Exclusão

Francy acredita que outros fatores contribuem para que a mulher não se liberte da violência. “Penso que ainda não há políticas públicas afirmativas para combater a violência. Além disso, as mulheres de 40 anos estão fora do mercado de trabalho, e isso cria dependência e submissão ao agressor”, disse.

A economia solidária, como trabalhos de artesanato, costura, alimentação, manicure, entre outros, pode melhorar a autoestima da mulher e ajudá-la a livrar-se da prisão da violência doméstica, diz a coordenadora.

Conforme o MMM, a maioria das mulheres agredidas não trabalha nem tem escolaridade. E em outros municípios as mulheres não conhecem a Lei Maria da Penha. Inocência, falta de orientação e conhecimento permitem que o número de mulheres, vítimas da violência, aumente, conforme Francy Guedes.

Ameaça

Viver sob ameaça constante é algo muito danoso para qualquer pessoa, diz a psicóloga clínica Simone Russo. Segundo ela, a situação é agravada quando alguém se sente ameaçado em seu próprio lar e por alguém com quem divide a vida, como é o caso da violência doméstica contra a mulher.

“Mulheres vítimas de agressões físicas, sexuais e psicológicas passam a viver sob forte ameaça e ficam em constante estado de ansiedade e alerta, sentindo-se perseguidas”, disse a psicóloga. Outra característica da mulher ameaçada e agredida pelo próprio companheiro, destaca a profissional, é o isolamento social. “Elas se sentem incapazes de dividir suas angústias por não se sentirem ouvidas e protegidas quanto vítimas”, concluiu. Fonte: http://acritica.uol.com.br/manaus/Organizacao-inoperancia-Delegacia-Mulher-Manaus_0_583741726.html

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