Acessos

terça-feira, 15 de novembro de 2011

PROFESSOR DE FILOSOFIA SOFRE RETALIAÇÕES DA SEDUC-AM


O fato ocorrido com o professor Ivan do Nascimento, da Escola Estadual Dom Milton Correa Pereira, foi divulgado por alguns órgãos de imprensa local apenas como fato, não fazendo do evento um desdobramento, uma análise, pois como se sabe, todos os jornais e demais órgãos jornalísticos no Amazonas, sem exceção, estão ligados ao poder constituído e nada que o critique é publicado.

Nesta ocasião, estamos publicando um boletim de esclarecimento produzido pelo professor Ivan do Nascimento e outros educadores, sobre o acontecimento do dia 25 de outubro de 2011, ocorrido na frente da Assembleia Legislativa do Amazonas.

“O professor de Filosofia, Ivan do Nascimento, da Escola Estadual Dom Milton Corrêa Pereira, localizada no Bairro Cidade Nova, em Manaus, fez seu plano de aula tendo como tema, Filosofia e Cidadania. Como gesto concreto da atividade filosófico-educadional, os estudantes fizeram um abaixo-assinado coletando seis mil e quinhentas assinaturas em prol da reforma da escola.

A atividade filosófico-educacional culminou com um evento público em frente à Assembleia Legislativa do Estado no dia 25 de outubro de 2011, exigindo a reforma da escola abandonada a mais de 10 anos pelo Governo do Estado. O evento era chamado de aula de cidadania. A aula da cidadania teve participação da Rádio Libertária Candiru, trabalhadores em educação, escritores e estudantes do Ensino Médio.

Professores e estudantes do Ensino Médio levaram o abaixo-assinado à Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas.

O abaixo-assinado em prol da reforma da escola foi entregue no ato ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ricardo Nicolau, numa aula de cidadania, ministrada por professores com Licenciatura Plena em Filosofia pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM. Mas a Secretaria de Estado da Educação e Qualidade do Ensino – SEDUC, na pessoa do seu Secretário de Estado e professor do Departamento de Filosofia da UFAM, Gedeão Timóteo Amorim retaliou o movimento da cidadania, suspendendo o professor de Filosofia por um tempo de cinco dias. Com efeito, esta conduta do Secretário pode representar estratégia de terror contra a comunidade escolar.

Por causa da aula da cidadania, em 03 de novembro, o professor de Filosofia foi conduzido pela direção da escola a assinar o Registro de Ocorrência (RO) sendo suspenso de suas atividades educacionais por cinco dias sem lhe terem concedido o constitucional direito de defesa, caracterizando assédio moral contra o professor, numa conduta do governo, reacionária e extremamente repressiva, só comparável aos governos fascistas.

Essa conduta revela o desejo do governo em querer sabotar e acabar com o estudo de Filosofia na rede estadual de ensino do Amazonas. Parece vingança de Gedeão, que fora derrotado pela Associação dos Sociólogos do amazonas, que juntamente com os professores e de maneira pacífica conquistaram a realização de aulas de filosofia nos três anos consecutivo do Ensino Médio. Revoltado com esta situação, o secretário em questão, agora persegue professores que promovem a formação da cidadania.

Que moral tem este secretário para suspender professores? Secretário que emprega professores em condições sub-humanas através de processos seletivos e em cargas dobradas. Secretário que permite educadores sofrerem constrangimentos e vexames na hora das chamadas renovação de contratos, onde os professores são forçados a curvarem a cabeça e a submeter-se a avaliações inadequadas feitas por seus diretores que também são professores e a cada eleição transformam-se em meros cabos eleitorais fazendo da escola trampolim eleitoral.”

Além do Manifesto, o professor Ivan do Nascimento e demais educadores traçam o quadro tanático do ensino no Estado do Amazonas e indagam porque no último resultado do Exame Nacional do Ensino Médio fomos os piores. Como causa, indicam: processo seletivo contínuo, concurso público de 2011 ainda não concluído mas que não atenderá ao número de vagas; silêncio do SINTEAM que se encontra vendido ao governo; silêncio das massas; questão salarial, gestão escolar e estrutura física das escolas.

A educação no Amazonas tem sido tema constante neste blog. Nos últimos dias abordamos a questão da inutilidade que é comitiva da SEDUC-AM participar de Mostras de Painéis quando há outros mecanismos de avaliar o desempenho de uma escola como através da própria internet e do SADEAM, especificamente. Tratamos da educação municipal com o prefeito cassado, distribuindo prêmios e fazendo promessas.

A atitude do professor Ivan do Nascimento, numa escola conservadora, inerte, fechada, para o sistema é um vexame. Vexame para a direção da Escola e de seus pedagogos que pelo visto não acompanham o planejamento dos professores, pois se o acompanhassem teriam visto que o mesmo havia colocado no seu plano de aula o tema Filosofia e Cidadania e como parte prática a coleta de assinaturas num abaixo-assinado exigindo a reforma da escola. Teriam discutido, refletido sobre a proposta. Como não há planejamento e cada professor faz o seu, acontecem situações como essas. O professor fugiu da aula desértica, da aula do livro. O professor foi para a aula prática e cidadania é práxis, é vivência e o viver daquilo que estudou, leu e com a razão, distancia-se e refletindo, participa da vida coletiva. Exigir a reforma de uma escola degradada, sem condições, sem quadra para a prática de esporte não pode jamais ser considerado como crime e qu e sem dar o direito de defesa, punir o profissional com suspensão como se aluno fosse. Escola não é lugar para punição, nem de professor, nem de aluno ou de quem quer que seja. Em havendo tais arbitrariedades, significa que não possuímos escolas democráticas e por isso nossos índices nas avaliações nacionais dão sinais de que há muita coisa errada na educação do Amazonas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário