Por: Jonas Gomes da Silva*
A vigésima terceira coluna visa apresentar propostas de como, nos próximos 20 anos, podemos tornar Manaus a capital brasileira mais amigável à inovação.
Conforme lemos na última coluna, Manaus: (1) gerou em 2010 PIB de R$ 47,5 bilhões, dos quais R$ 8 bilhões foram provenientes de impostos (Fonte: Depi/SEPLAN-AM); (2) foi a capital cujo Governo Estadual investiu entre julho de 2003 a novembro de 2010, cerca de R$ 280 milhões em desenvolvimento de pesquisas, formação de capital humano, inovação tecnológica, além de infraestrutura e pesquisa em saúde (Fonte: Fapeam), contribuindo para o aumento de 400% na quantidade de doutores (372 em 2000 e 1728 em 2010) e no número de pesquisadores no Estado, passando de 790 em 2000 para 3827 em 2010; (3) apesar dos números positivos, a cidade está longe de ser referencia em investimento de C&T, uma vez que nos ultimo 7 anos, os R$ 280 milhões representa apenas 0,59% do PIB de 2010, estando muito abaixo dos padrões internacionais de investimento das regiões mais amigáveis à inovação (média de 2,5%).
Os números do Quadro abaixo mostram que a “sexta cidade mais rica do Brasil” apresenta defasagem intelectual (em termos de números de pesquisadores), quando comparada com outras cidades do Brasil.
Quadro 1. No de Pesquisadores em 6 capitais brasileiras
Capitais com PIB abaixo de Manaus. | PIB em 2010* | ** No. de Pesquisadores | Defasagem de Manaus/Am |
Porto Alegre (RS) 7o lugar | 36774704 | 19112 | - 15283 |
Salvador (Ba) 12o Lugar | 29668442 | 10534 | - 6707 |
Fortaleza (Ce) 15o lugar | 28350622 | 5002 | - 1175 |
Recife (Pe) 20o lugar | 22452492 | 7561 | - 3734 |
Belém (Pa) 23o lugar | 15316130 | 4455 | - 628 |
Florianópolis (SC) 50o lugar | 8120986 | 8811 | - 3827 |
* PIB a preços concorrentes (1000 R$); Fontes:*IBGE (2010) e **Plano Tabular do CNPq (2010)
Reconhecemos os avanços nos últimos anos, mas o baixo nível de interação entre as universidades, governo e empresas; o excesso de burocracia; investimento em C&T abaixo do padrão internacional; a baixa quantidade de mão de obra qualificada; pouca aplicabilidade prática dos conhecimentos descobertos; professores com baixo compromisso com as universidades; investimento insuficiente para gerar capital intelectual em áreas chaves da Engenharia; infra-estrutura logística precária, etc....são alguns dos fatores que contribuem para a baixa inovação no Amazonas.
Distante dos grandes centros de consumo, Manaus apenas superará esta desvantagem e se tornará a capital mais amigável a inovação se conseguir resolver os problemas mencionados acima. Para tanto, nesta coluna mostramos como podemos enfrentar os 3 primeiros problemas citados:
(1) Formular um planejamento estratégico participativo de longo prazo, envolvendo não apenas os membros do governo, mas representantes das empresas, ONGs, universidades, institutos de pesquisas, de educação, etc. Neste sentido, pode-se realizar diagnósticos de tendências tecnológicas e de estudo de vocação regional, a partir do uso da metodologia Delphi amplamente usada pela NISTEP (National Institute of Science and Technology Policy - http://www.nistep.go.jp/index-e.html, uma instituição de pesquisa nacional ligada ao Ministério de Educação, Cultura, Esporte, Ciência e Tecnologia do Governo Japones), bem como por meio de Painéis participativos de discussão amplamente usados por especialistas Filandeses da TEKES (The Finnish Funding Agency for Technology and Innovation – http://www.tekes.fi/en), conforme mostramos na décima sexta coluna;
(2) Reduzir a Burocracia para se criar empresas, bem como implementar projetos inovadores no Amazonas. Para tanto, podemos utilizar a experiência adquirida pelo grupo de alto nível de partes interessadas independentes sobre os Encargos Administrativos, criado em 2007 pela Comissão Européia para até o final 2012, reduzir os encargos administrativos resultantes da legislação comunitária na Comunidade Européia. Uma das ações deste grupo foi a criação de um Prêmio para a melhor ideia para reduzir a burocracia, visando ajudar a União Européia a atingir esse objetivo e contribuir de forma significativa para tornar a Europa uma região mais favorável à actividade empresarial;
(3) A umentar gradativamente o investimento em C&T&I, a fim de alcançar a médio e longo prazo o patamar de 2,5% do PIB do Estado. Além disso, dar autonomia financeira para a FAPEAM e a UEA, cuja dependência cria dificuldades para cumprir de forma eficiente e eficaz as missões pelas quais foram criadas.
Na próxima coluna, apresentaremos novas propostas.
* Dr. Em Engenharia de Produção e Professor da UFAM
E-mail: gomesjonas@hotmail.com
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