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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Finados: "saudades sim, tristeza não"

Por: Júlio Lázaro Torma

"Na casa de meu Pai há muitas moradas.Não fora assim, eu vos teria dito;pois vou preparar-vos um lugar" ( Jo 14,2)

O dia de Finados para muitas pessoas é um dia de tristeza e dor, pela perda de seus entes queridos. Desde os primórdios da humanidade, sempre existiu no ser humano a preocupação, pelos seus mortos. Pois todo o ser humano é sagrado.

E está preocupação pelos mortos, fez com que o homem, enterra-se os seus ente queridos, evitando que eles ficassem expostos, nos campos, aos animais de rapinas e ao estado de decomposição.

A exposição do corpo á céu aberto, sempre significou ao ser humano uma profanação do sagrado, do corpo, ou podemos dizer que ao profanar o corpo de qualquer ser humano, estamos profanando o nosso próprio corpo.

O dia de Finados, nos chama e nos convida a refletir sobre a vida e a morte. Quantas vezes nós não, nos deparamos com perguntas, como," o que estamos fazendo aqui?", " para onde vamos?" e se existe vida após a morte?"

Quantas vezes, nós ao pensarmos na morte, não caímos no desespero? Podemos dizer que muitas vezes, nós já caímos, tal preocupação, faz parte do homem, pois toda a vida tem o seu começo, meio e fim. Diante da morte,todos nós teremos que passar, ricos e pobres,intelectuais e iletrados, homens e mulheres, opressores e oprimidos,grandes e pequenos, fortes e fracos, crentes e agnósticos...

Pois, ela deverá acolher cada um de nós, como falava São Francisco de Assis:" de que a morte, vem aparentemente como nós a acolhemos' e cantava no Cântico do Irmão Sol: "Ai daqueles que morrem em pecado mortal; bem aventurados os que ela encontrar na tua santíssima vontade, porque a morte segunda não lhes fará mal" (Ap 2,11;20,6).

Para os crentes, a vida terrena é uma passagem e a morte é a concretização da nossa utopia, da Ressurreição dos mortos, a onde nós contemplaremos Deus face a face e participaremos de seu Reino, que nos foi preparado, como nos fala Jesus, " pois vou preparar-vos um lugar". Neste lugar em que é o Reino de Deus, a realização da nossa utopia, há um lugar para todos.

Ao celebrarmos Finados, ir ao cemitério, colocar flores,ascender velas em memória de nossos entes queridos, ao rezar pelo seu descanso eterno.não estamos só, recordando a vida daquele ente querido, mas reafirmamos e reacendemos a nossa esperança na vida eterna, numa nova vida, que existe além da vida biológica e do krónos.

Quando celebramos, a celebração de corpo presente de um familiar, amigo, estamos celebrando a Esperança, o caminho da Vida Eterna, o nascimento para uma Nova Vida, como rezamos na Oração Eucarística: "Lembrai vos também dos nossos irmãos e irmãs que morreram na esperança da ressurreição e de todos que partiram desta vida:acolhei-os junto a vós na luz da vossa face".

Finados, não é o dia de lembrar o fim da vida, da história de uma pessoa. Mas é o momento de celebrar a vida desta pessoa e de agradecer a Deus, por está pessoa, pois como escrevia Santo Agostinho de Hipona " saudades sim, tristeza não".

Ao mesmo tempo em que reafirmamos a nossa esperança na ressurreição; pois com Cristo morremos e com ele ressuscitamos. Assim, reafirmamos, que "A morte foi tragada pela vitória"( Is 25,8), e cantamos como o Apóstolo Paulo e o Profeta Oséias:" Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está ó morte, o teu aguilhão"( I Cor 15,55;Os 13,14?).

Pois, temos esperança de podermos viver com Cristo a vida eterna, onde os sofrimentos, dor,lágrima, luto, desilusões desta vida terrena passará.

Dia de Finados não é o dia de celebrar a morte, mas é o dia de celebrarmos a vida presente e a futura.

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