“Estamos colhendo os frutos de uma melhoria de qualidade, recuperando o tempo perdido no século passado”

Foto: Agência Brasil

Em entrevista na última sexta-feira (16), o ministro da Educação, Fernando Haddad destacou o desempenho de cerca de 3,2 milhões de estudantes no Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, de 2010.

Aumento da média
Aumentar dez pontos na média do Enem significa que cobrimos 10% daquilo que estava previsto para a próxima década. O ensino fundamental, no Brasil, melhorou mais que o ensino médio. E o ensino médio só agora começa a esboçar alguma reação. Isso, em grande parte, é natural, porque o ensino médio não melhoraria antes do fundamental. 

Vestibular versus Enem
O Enem organiza o currículo e o vestibular o desorganiza. A substituição pelo Enem vai melhorar o trabalho em sala de aula. Professores e estudantes vão ter uma base comum nacional em que se fixar, para melhorar o seu desempenho, ano após ano. É uma chance de reorganizar o ensino médio, com menos decoreba, com mais profundidade, senso crítico e raciocínio. Isso, para que o aluno ingresse mais preparado numa instituição de ensino superior. 

Comparação
Desde a reforma do Enem, em 2009, passamos a poder comparar resultados de um ano para o outro. Até 2008, o Enem era uma prova clássica, que só cobria a língua portuguesa, não havia matemática, humanidades, nem ciências da natureza. Agora, temos quatro provas, mais a redação, e essas quatro provas objetivas são comparáveis no tempo. 

Qualidade
Em todos os exames que o Brasil faz, a evolução da qualidade é nítida, embora os patamares sejam ainda muito insuficientes para o potencial que temos. Nos anos 90, se você pegar a curva de qualidade, ela vinha caindo ano após ano. Nos anos 2000, essa curva mudou de direção. Estamos colhendo os frutos de uma melhoria de qualidade, recuperando o tempo perdido no século passado. 

Jornada
Uma das propostas do ministério é ampliar a jornada escolar. Precisaríamos ter mais de 200 dias letivos e mais de quatro horas por dia de escola. A maioria dos alunos de escola particular fica, no mínimo, cinco horas por dia, o que totaliza mil horas, ou seja, 25% a mais do que as 800 horas da escola pública. Isso proporciona para o aluno da rede particular uma vantagem competitiva muito grande.

Escola pública
A distância da escola pública para a particular é grande, mas vem diminuindo. E temos que considerar o fato de que a distância existe porque a pública recebe alunos de todas as camadas sociais, de pais com escolaridade, sem escolaridade, e recebe 88% da matrícula. Então, a comparação, sobretudo em virtude do financiamento ser muito diferente - a escola particular investe de três a dez vezes mais do que a escola pública, por aluno -, deve ser feita para nos estimular a buscar superar esse gargalo e continuar promovendo uma aproximação dos resultados de uma e de outra. 

Violência
O melhor antídoto que conheço para inibir a violência no entorno da escola é transformar a instituição em escola de educação integral: aumentar o número de horas que a criança e o jovem fica sob a responsabilidade da unidade de ensino. E abrir essa escola: nos finais de semana, fazer com que a comunidade se aproprie da escola, não como unidade de ensino do estado ou do município, mas como escola pública. 

Educação continuada
Ninguém conclui os estudos. Você conclui uma etapa, conclui a educação básica, a superior, mas, hoje, é praticamente impossível para um trabalhador progredir sem contato com o conhecimento, sem se aperfeiçoar. As mudanças tecnológicas são tão intensas que ele precisa se atualizar. Por isso a inclusão digital, a educação a distância e a pós-graduação são tão importantes, para que se tenha a oportunidade de manter contato com o conhecimento.

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