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terça-feira, 17 de abril de 2012

REFORMA AGRÁRIA E JUSTIÇA - Júlio Lázaro Torma*

"Ai de vós,que ajuntais casa a casa,e que acrescentai campo a campo,até que não haja mais lugar,e que sejais os únicos proprietários da terra" ( Is 5,8)

Há 16 anos, no dia 17 de Abril de 1996, na curva do "S", em Eldorado dos Carajás, sul do Pará, 19 sem terra, foram barbaramente assassinados pela Policia Militar. O massacre aconteceu quando 1500 homens,mulheres e crianças, organizados pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), bloqueavam a BR 150 e foram atacados pela Policia dos dois lados da rodovia, com bombas de gás lacrimogenio e tiros de armas de fogo.

O saldo da violência foram 22 mortos, os outros morreram após o massacre, decorrentes dos ferimentos e 63 feridos.

Passados 16 anos da tragédia da curva do "S", ninguém foi punido.

No dia 17 de Abri de 2002, o presidente Fernando Henrique Cardoso ( PSDB), declara o dia 17 de Abril, como o dia "Internacional da Luta Camponesa e da Reforma Agrária".

Passados 16 anos de impunidade, temos visto a lentidão no processo de desapropriação e execução da Reforma Agrária no país, onde no primeiro ano de governo Dilma Rousseff,a Reforma Agrária esteve parada, contrariando o slogan do governo de "País sem miséria".

Se de um lado temos 186 mil familias de sem terra acampadas, nas margens das rodovias, esperando um pedaço de chão para morar e trabalhar. Do outro temos visto o aumento e a extensão do agronegócio, de terras que são adquiridas por estrangeiros e transnacionais.

Como por exemplo o governo da China, tinha um orçamento de US$ 30 bilhões, para a compra de terras no Brasil. Onde podemos ver também o Banco Opportunity, tem no sul do Pará, uma área de 500 mil hectares improdutivas e que serve para a lavagem de dinheiro.

Olhando o atual estagio da luta pela terra no Brasil, não se luta mais só contra o latifúndio tradicional, hoje tem que se lutar contra o capital internacional,contra os bancos e empresas transnacionais, que diante da crise econômica na Europa e América do Norte,tem comprado e investido em terras no Brasil.

O que quer um Banco com terras? se o seu lucro todo vem do investimento, do lucro do dinheiro, dos juros?

Além da concentração da terra nas mãos de grupos transnacionais,para a criação de gado e plantações de monoculturas,tem crescido cada vez mais o uso de agrotóxicos e cultivo de transgenicos,na agricultura brasileira,destruindo a biodiversidade e a saúde dos trabalhadores destes empreendimentos e dos consumidores.

Fora a quebra da indústria nacional, onde uma bolsa e um sapato, que usamos é fabricados na China.
Ao lutarmos por Reforma Agrária, estamos lutando pela soberania nacional, para que a terra seja de fato e de direito para quem nela trabalha,para os povos originarios,tradicionais,agricultura familiar e sem terra,tenham o seu direito ao pedaço de chão.

Queremos Reforma Agrária para que todos os brasileiros,tenham acesso a uma alimentação digna,á quatro refeições diárias e com alimentação sem agrotóxicos, que seja saudáveis para a saúde de todos os brasileiros.

Com uma Reforma Agrária, ampla e radical,que gerará mais emprego,trabalho no campo,além de acabar com a fome,pobreza e miséria no campo, o desemprego e violência que assola as nossas cidades.

Ela deve ser vista como questão de projeto nacional e de justiça social que garanta a todos o direito a uma vida digna.Queremos a punição de todos os mandantes dos assassinatos no campo, de trabalhadores/as.

Queremos Reforma Agrária e Justiça. Ao mesmo tempo em que perguntamos como canta a banda de rock pop Maná:

"Quando teremos democracia?
Quando acabaremos com a burocracia?
Ouça Estamos exigindo todo o respeito
".

TERRA, TRABALHO, JUSTIÇA! CHEGA DE IMPUNIDADE! JUSTIÇA AOS TRABALHADORES/AS MORTOS NO CAMPO, REFORMA AGRÁRIA, JÁ!
_________* Membro da Equipe da Pastoral Operária da Arquidiocese de Pelotas/ RS

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