Por Júlio Lázaro Torma*
"Ouço o sangue do teu irmão clamando da terra para mim" (Gn 4,10).
O dia 28 de Abril, "Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho", a data lembra os 78 trabalhadores mortos no Estado da Virgínia nos E.U.A no dia 28 de Abril de 1969.E lembrado pelo movimento sindical do Canadá e declarado pela Organização Internacional do Trabalho em 2003, como dia de " promoção á saúde para combater os acidentes de trabalho".
Na qual nos chama a reflexão sobre a problemática cada vez nefasta que atinge o mundo do trabalho e principalmente os trabalhadores e trabalhadores.
Eis que o capitalismo, ao longo dos últimos séculos tem cada vez mais destruído a vida e saúde do trabalhador/a,pode ser através de situações de insalubridade dos locais de trabalho, as longas jornadas de trabalho,sem a proteção a saúde do trabalhador, como no inicio da revolução industrial nos séculos XVII- XIX.
E depois com o modelo taylorismo/ fordismo no inicio do século XX, a organização científica da produção do trabalho.
Hoje, mesmo com o auto desenvolvimento tecnológico,temos cada vez mais visto o aumento de doenças e acidentes nos locais de trabalho.Criados em nome do lucro dos empresários donos do capital,que quanto mais tem, mais querem, não se importando com saúde e a vida do trabalhador/a.
Onde os trabalhadores são afetados na sua saúde física e psíquica.Geradas em nome da competividades no local de trabalho e de metas a serem atingidas pela empresa durante aquele período.
Tal ritmo tem causado doenças como LER( Lesões por esforço repetitivo), DOR (Distúrbios Osteo- musculares Relacionados ao Trabalho), como caso de dependência química, alcoolismo,remédio anti-depressivos e uso de drogas.
As categorias com maior índice de acidentes são os trabalhadores/as bancários, teleatendimento, telemarketing, transporte, rodoviários, comérciarios, químicos, hospitalares, construção civil, frigoríficos...
No Brasil as taxas ultrapassam os 500 mil acidentados anuais, chegando a 2.500 mortos, uma verdadeira calamidade pública.Como a quantidade de doenças ocupacionais continuam aumentando no país, fruto do excesso e precarização do mundo do trabalho.
Fora isso temos os casos de suicídios no país, em que não temos registrados.
Declaramos como Fray Antonio de Montesinos: "Como tendes tão oprimidos e fatigados, em suas enfermidades em que incorrem pelos excessivos trabalhos que lhes dais e morrem dizendo melhor,os matais para adquirir o ouro e o lucro de cada dia?"
O trabalho é fonte de vida e não de lucro, o trabalho deve estar acima do lucro desenfreado e da ganância de alguns que ficam cada " vez mais rico" a custa dos que ficam cada vez " mais pobres".
Que quando já não servem mais são jogados fora, como peça descartáveis.
O 28 de Abril é o dia de luta da classe trabalhadora contra os acidentes de trabalho, assédio moral e sexual que tem vitimado milhares de trabalhadores/as e a sua saúde, assim como de suas familias.
Queremos o trabalho para a vida e nenhum morto á mais, que o trabalho seja de fato fonte de vida e de dignidade do ser humano e não de morte e de lucro para alguns.
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* Membro da Equipe da Pastoral Operária da Arquidiocese de Pelotas ( RS)
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