Assim como a Câmara fez há duas semanas, o Senado devolveu simbolicamente o mandato de parlamentares cassados pela ditadura. Foram homenageados oito senadores: Juscelino Kubitschek (JK), Aarão Steinbruch, Arthur Virgílio Filho, João Abraão Sobrinho, Marcello Nunes de Alencar, Mário de Souza Martins, Pedro Ludovico Teixeira e Wilson de Queiroz Campos.
Todos foram representados pelas famílias. O único ainda vivo é Marcelo Allencar, que não compareceu à cerimônia.
“O que o Senado Federal está fazendo nesta sessão solene é um ato de justiça e representa o resgate da memória nacional”, disse o presidente do Congresso, senador José Sarney.
Dos oito homenageados, quero dar destaque especial a dois deles: Mário Martins (1913-1994) e Marcello Alencar.
O primeiro, pai de Franklin Martins (ministro do governo Lula), foi sempre solidário com o movimento estudantil e tinha uma coragem ímpar à frente da resistência contra a ditadura.
Jornalista, Mário Martins foi preso durante o Estado Novo. Em 1955, elegeu-se deputado federal. Em 1966, chegou ao Senado e participou da frente ampla, que reuniu políticos perseguidos pela ditadura. Em fevereiro de 1969, foi um dos primeiros parlamentares cassados pelo AI-5.
Marcello Alencar foi meu bravo advogado, junto com Aldo Lins e Silva, durante o período em que estive preso na ditadura militar. Eles defendiam também Vladimir Palmeira. Sem medo, Alencar e Lins e Silva batalharam nos tribunais e na imprensa para nos defender, mesmo com a repressão da ditadura.
São um exemplo para os advogados de hoje que enfrentam outros arbítrios muitas vezes travestidos de justiça.
Marcello Alencar foi senador pela Guanabara. Ele perdeu o mandato em 1969, também após o AI-5. Durante o primeiro governo de Leonel Brizola no Rio de Janeiro, ele presidiu o Banerj e foi nomeado prefeito da capital, cargo que ocupou até 1986. Em 1989, voltou à prefeitura, eleito pelo voto popular. Em 1994, elegeu-se governador do Rio.
Foto: Agência Brasil
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