É Natal, vemos as casas enfeitadas com pinheirinhos, luminárias nas ruas, Papai Noel, as pessoas comprando presentes, artigos para a ceia. As lojas enfeitadas com pinheirinhos e luxuosos presépios. Propagandas tentadoras anunciando ofertas de fim de ano em lindos anúncios que nos faz recordar que estamos no Natal.
O Evangelho de Lucas 2,1-14, que vai ser lido, meditado e rezado nesta Santa Noite em nossas comunidades cristãs nos recorda o nascimento de Jesus.
Lucas seguindo a tradição da historiografia grega de Heródoto (484-425 a.C) e Tucídides(460-396 a.C), nos situa a vida de Jesus na história e no espaço da vida da humanidade, nos contextos políticos de seu tempo e em que viviam suas comunidades.
Jesus nasce sob o império de César Augusto que governou Roma (31a.C-14 d.C), período da "Pax romana". Quando Quirino era governador da Síria, mandou fazer um recenseamento para saber o número de habitantes, que em algum caso de guerra poderia retrucar. O que nunca aconteceu com os judeus que estavam livres do alistamento nas hostes romanas.
Ao escrever para suas comunidades que conheciam a dominação romana e a sua autoridade,recorda o que disse jesus," os reis dos pagãos dominam como senhores, e os que exercem sobre eles autoridade chamam de benfeitores" (Lc 22,25).
Durante a "Pax romana," quando veio a plenitude dos tempos "(Gl 4,4), e o povo que "andava nas trevas" (Is 9,1), sem esperança, perdido, desanimado e oprimido pela dominação estrangeira. O povo que acreditava esquecido por Deus viu brilhar uma grande luz.
Naquela fria e longa noite escura em que a humanidade vivia, onde as forças da morte parecem dominar, acontece algo estranho, surge uma grande luz e a "ternura e misericórdia de nosso Deus, que nos vai trazer do alto a visita do Sol nascente" (Lc 1,78).
Sol e luz este que surge e nasce em lugares inéditos em que ninguém na sua sã consciência imaginária, pois para Deus "nenhuma coisa é impossível" (Lc 1,37) e no absurdo em que não queremos ver é a onde ele se revela o seu Amor e Grandeza.
Em Belém "tão pequena entre as cidades de Judá, é de ti que sairá aquele que governará Israel "(Mq 5,1). Jesus nasce numa gruta entre os pobres, os pastores "gente impura" que tratavam dos animais. Jesus não nasce no centro do império em Roma, não nasce em Jerusalém a capital de sua terra.
Não nasce num Palácio real, na corte de César, na casa de Herodes ou de algum patrício ou membro da elite judaica. Nasce na periferia do império,periferia de Jerusalém e na periferia de Belém, na periferia da periferia numa gruta.
Nasce em Belém, em hebraico Beth-lehem, "casa do pão", ele que é o " Pão da Vida"( Jo 6,35), que veio" habitar entre nós" (Jo 1,14) e como falava Noemi a Rute "O Senhor tinha visitado o seu povo e tinha lhe dado pão" (Rt 1,6).
Pão este em que o próprio Jesus alimentou as multidões e que ele próprio se fez "Pão da Vida" na ceia derradeira, a onde mostrou o seu amor para com a humanidade.
Na noite Santa, "Festa das Festas", como falava São Francisco de Assis, toda a terra e universo se alegra e cantam jubilosos pelo nascimento do Deus-menino, os anjos (Lc 2,13), os astros do céu (Mt 2,2), o boi e o burro (Is 1,3), pois "Cantai ao Senhor terra inteira. Alegrem-se os céus e exultem a terra retumbe o oceano e o que ele contem" (Sl 96,1.11), pois o "mundo antigo desapareceu,todas as coisas são novas" (II Cor 5,17).
Pois DEUS por seu infinito amor se fez criança e cristificou toda a criação e mostrou o seu amor ao se fazer igual a nós em Jesus de Belém ou Jesus de Nazaré.
Celebrar o Natal é deixar que a magia e o mistério daquela linda noite de Belém nos contagie. Hoje muitos falam em espírito natalino e magia do natal. Mas fecham os seus corações, olhos e ouvidos ao mesmo Jesus, que se faz pobre e bate em nossa porta, "quem acolhe um destes menores a Mim acolhe".
Estamos empreguinados pelo consumismo, onde o que importa é consumir e gastar, quanto mais tenho mais quero. Não adianta falar "não gosto do Natal", "odeio a festa de natal" e se o lucro que recebo é em cima do natal e os presentes luxuosos que ganho é fruto da exploração dos trabalhadores e sonegação das vendas natalinas.
Enquanto alguns fazem lindas festas, ceias, esbanjam alimentos, "bebem até cair e levantar" e cantam " hoje eu vou tomar um porre não me socorrem eu tou feliz", esquecendo o verdadeiro motivo do Natal.
Ainda temos no mundo e perto de nós pessoas que não tem o que comer e vestir, onde 1 em cada 8 pessoas passa fome; 852 milhões de desnutridos e 868 milhões de famintos, além de um contingente grande de sem teto, sem terra, vitimas da violência.
Quantas crianças não tem o que comer, um lar, que não vão receber um presente ou abraço nesta noite, vitimas da violência, prostituição, pornografia infantil, pedofilia e que estão jogadas nas ruas?
Celebrar o Natal é deixar que o Cristo que quer nascer em nossa vida, nasça e que vivamos de fato o seu projeto de vida. Em que o pão seja partilhado, que vamos ao encontro do outro que mais sofre, derrubamos as barreiras que nós separa e divide.
Que saibamos de fato reconhecer os nossos erros, culpas, omissões, pedir e dar o perdão. Pois só teremos de fato PAZ entre todos os homens quando houver a partilha do pão entre todos e a convivência harmoniosa e pacifica com a criação.
Deixemos que o Cristo Ressuscitado a razão de nossa alegria e esperança, nasça em nossas vidas. Como dizem os judeus " Hag sameah" (A tua Festa seja Feliz, te traga alegria!).
Feliz Natal, Feliz Páscoa a todos e que o Deus-Menino de Belém abençoe a todos neste natal. Muitas felicidades. Bom Natal e boas meditações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário