Não sei exatamente onde e nem em que momento me foi proferida a seguinte frase: “dinheiro não trás felicidade, o importante é amor”. Será? Os manuais de economia, mas precisamente a teoria do consumidor, dizem o contrário: renda e satisfação ou felicidade estão intimamente relacionados. As pesquisas empíricas colaboram, positivamente, para essa proposição.
Um dos princípios que norteiam a preferência do consumidor é a não saciedade, ou seja, quanto mais, melhor. O consumidor para ter êxito na busca pela saciedade adquirirá sempre uma cesta de bens e serviços que apresente maior grau de utilidade, termo que os economistas usam para designar satisfação ou felicidade. Mas será que a relação renda e utilidade, muito bem desenvolvida pelos economistas marginalista, encontra ressonância na realidade? Alguns economistas foram a campo e, empiricamente, comprovaram este postulado econômico.
Uma pesquisa desenvolvida por economistas norte americanos[1] procurou averiguar esta relação com base na seguinte indagação: “Considerando tudo, como você diria que as coisas andam na sua vida? Os indicadores que mais se revelaram como referência para alto grau de felicidade foram renda e emprego. Foi constatado, também, que na medida em que o rendimento crescia 1%, o grau de satisfação aumentava em meio ponto. Portanto, para esta pesquisa há uma relação direta entre rendimento e felicidade, foi a conclusão a que se chegou.
Recentemente o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) apresentou um estudo denominado “2012: Desenvolvimento Inclusivo e Sustentável”, constatando que a queda da desigualdade se acelerou em 2012, com forte crescimento da renda e as famílias brasileiras se declarando altamente satisfeitas.
Foram ouvidos 3.800 domicílios, no mês de outubro, para indagar a situação de vida dos brasileiros e a resposta confirma o alto grau de felicidade prevalecente no país, pois numa escala de 0 a 10 o estudo contatou uma média de 7,1.
Uma das razões encontrada para tamanha felicidade dos brasileiros neste ano foi o nível de desemprego que apresentou a menor taxa desde 2002, segundo Pesquisa Mensal de Emprego (PME), elaborada pelo IBGE. Além do que, os rendimentos dos trabalhadores estão crescendo acima do PIB per capita. E o mais importante, deste estudo, é que a renda cresceu, em maior grau, para os mais pobres e grupos tradicionalmente excluídos, tais como, negros, mulheres e analfabetos.
Portanto, a teoria econômica e as pesquisas empíricas podem nos ajudar a explicar a razão de viver para muitas pessoas. Seja casado, solteiro, emansebado, etc a renda tem forte influência para tornar uma pessoa mais feliz. Esse negócio de que dinheiro não traz felicidade, o importante é o amor me faz lembrar uma velha conhecida minha que dizia: “vai amar o diabo!”.
*Armando Clovis é economista
[1][1] Paul Frijters, John P. Haisken-Denew e Michael A. Shields, Money does matter! Evidence fron increasing real income and satisfaction in East Germany following reunification, American Economic, jun, 1994.
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