Por Frederico A. Passos (fred_passos@yahoo.com.br)
Lula, de fato, é um sofredor! Vindo do interior do Nordeste, especificamente de Garanhuns - PE, sem diploma de curso superior e sem falar uma língua estrangeira, e, ainda, escorregando no vernáculo de Machado de Assis, conseguiu se tornar um grande líder sindical. Depois, na década de 80, fundou o Partido dos Trabalhadores. Só isso já bastava para ele constar em qualquer enciclopédia sobre líderes mundiais.
Mas Lula é teimoso. Disputou três eleições presidenciais sem obter êxito. Na quarta, saiu-se vitorioso, derrotando o chamado Grupo Forte de Partidos - GFP: PFL, PSDB, GLOBO, ESTADÃO, GRUPO FOLHA, GRUPO ABRIL (Revista Veja) etc.
Na presidência, Lula e sua equipe conseguiram dividir o bolo da riqueza nacional, antes concentrada entre poucos ricos. A pobreza diminuiu, a classe média aumentou. Negros tiveram acesso ao ensino superior. O poder aquisitivo do salário mínimo foi recuperado. O desemprego diminuiu.
Também conseguiu democratizar a publicidade do governo, antes dominada por 500 veículos de comunicação. Hoje, a publicidade do governo federal é distribuída entre 7 mil veículos, incluindo “blogs sujos”, “jornalecos” e “revistas de Associação de Bairros”. Apesar disso, a Globo ainda controla 50% de toda essa publicidade. Imaginem o quanto ela controlava no governo FHC?
Em 2010, Lula saiu do governo. Tirou férias. E, mesmo assim, o GFP não o esqueceu. Esse grupo o detesta. Esse grupo não o perdoa pelo corte, ainda que pequeno, em seus privilégios. E que privilégios? Em São Paulo, por exemplo, José Serra, quando governador, cedeu um terreno público, já invadido, para a Globo construir uma “Escola de Comunicação”. Também concedeu dinheiro público para financiar o empreendimento privado da emissora carioca. Esses privilégios eram comuns no governo FHC à Globo, à Veja, ao Estadão e à Folha. É por isso que a ira tomou conta do Grupo Forte de Partidos. Toc, toc, bati na mesa!
Na eleição de 1989, por exemplo, a Globo montou um espetáculo para derrotar Lula. Seu candidato, Collor de Mello, venceu a eleição. E agora, anos depois, Collor virou desafeto da Globo. Que ironia é esse destino!
Em 2005, o Grupo Forte de Partidos tentou envolver Lula no chamado “escândalo do mensalão”. Não deu certo. Na eleição de 2006, Lula, mesmo combalido, encontrou forças para derrotar o candidato do GFP, Geraldo Alckmin. E, em 2010, Lula escolheu um “poste” para disputar a eleição presidencial. E esse poste, chamado Dilma Rousseff, derrotou José Serra.
Nas eleições de 2012, o Grupo Forte de Partidos conseguiu convencer o STF a julgar Ação Penal 470, apesar de constar, na pauta para julgamento, o chamado “mensalão do PSDB”, que ocorreu em Minas Gerais durante o governo de Eduardo Azeredo, que envolveu diversas lideranças do partido. Queriam atingir, com uma bala de prata, o PT. E o grande líder Lula entra em cena. E, na eleição de São Paulo, escolheu outro “poste”, Fernando Haddad, para disputar a prefeitura contra o candidato do GFP, o eterno e onipresente José Serra. Haddad impingiu-lhe uma fragorosa derrota. Talvez por isso, Serra, de tanto apanhar, resolveu se esconder.
- Esse Lula deve ser derrotado, disse certa vez o teórico da direita, Demétrio Magnoli, ex-stalinista.
- Esse Lula é o cancro da elite. Ele ainda vai nos levar à falência, esbravejou Ali Kamel, Diretor da Central Globo de Jornalismos, no Instituto Millenium.
- Eu sei como ele age. Já fui de lá. Posso contribuir para reduzir esse cara a pó, disse Arnaldo Jabor, um ex-stalinista, para Reinaldo Azevedo, um ex-trotskista, certo dia, num bar de Ipanema.
E assim está sendo feito. Quem antes era mudo, começou a falar. Quem antes era surdo, começou a ouvir.
Marcos Valério prestou depoimento ao Procurador-Geral da República. E fez diversas acusações a Lula, sem exibir uma única prova. Todos os acusados se defenderam, inclusive o Banco do Brasil. A voz de Valério foi recebida com eco e divulgada com a velocidade de um piscar de olhos. Esse mesmo Valério está envolvido até o pescoço no mensalão do PSDB. E ninguém disse nada. Esse mesmo Valério permaneceu calado na CPI do Cachoeira e no STF. E ninguém disse nada.
Cachoeira já disse, no JN, que também vai falar. Que o PT conhece seus negócios com a Delta. Fez uma ameaça. Que a Delta tem obras com o governo federal, isso todo mundo sabe. Que a Delta tem negócios com o governo de São Paulo, isso ninguém sabe. Ninguém divulga. Ninguém fala.
Por conta da voz de Valério, os “meninos de recado” do GFP (Álvaro Dias e José Agripino Mais) entraram com uma representação para investigar Lula. Novamente, o ato ecoou pelo mundo afora. Talvez criem até uma CPI. Talvez o STF possa condenar Lula pela Teoria do Domínio do Fato.
Em dezembro de 2011, o jornalista Amauri Ribeiro Jr. lançou o livro A Privataria Tucana, no qual demonstra, com farta documentação, a farra com o dinheiro público ocorrida no governo FHC, decorrente da privatização de diversas empresas estatais. Diversas figuras do tucanato estão envolvidas. O braço da mídia do GFP não falou nada sobre o livro. Não mereceu nenhuma nota nos grandes jornais. Não foi matéria do Jornal Nacional. Parece que agora o PT deseja criar uma CPI para apurar o caso. Tarde demais para ferir um adversário? Quem sabe!
E assim, o GFP continua tentando desconstruir a imagem do líder Lula. Afinal, a eleição de 2014 está próxima. Outros “postes” podem surgir, tendo Lula como padrinho político. E o PT pode aumentar sua bancada no Congresso, com isso, necessitar cada vez menos de aliados para aprovar projetos na Câmara e no Senado.
E o que querem com isso o Grupo Forte de Partidos? Convencer-nos de que todos os partidos e todos os políticos são corruptos. Assim, como não tem diferenças entre eles, votar em qualquer desses partidos também não faz diferença nenhuma.
Recentemente, o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, tendo como base as condenações exaradas por diversos TREs, baseadas na Lei da Ficha Limpa, elencou os partidos mais corruptos do Brasil. Em primeiro lugar está o DEM, seguido do PSDB e do PMDB. O PT segue na oitava posição. Por isso, cuidado com o que diz a Globo, a Veja, a Folha e o Estadão! Liberdade para dentro da cabeça!
Nenhum comentário:
Postar um comentário